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Notícia

Em ano de COP30 no Brasil, abertura do FotoRio 2025 no CCJF convida à reflexão sobre meio ambiente, diversidade, identidade e resistência

Publicado em:
09/09/2025
A imagem mostra uma exposição de fotografia chamada "FotoRio 2025", realizada em um espaço interno com piso de madeira e iluminação de teto. Visitantes observam painéis com fotos coloridas e textos explicativos. Na parede à direita, há um painel com o logotipo do evento e um texto introdutório sobre as temáticas abordadas na exposição, como cultura, identidade, gênero e meio ambiente.

O Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) abriu, no último dia 9, suas portas e galerias para receber um dos mais prestigiados festivais de fotografia da América Latina, o FotoRio. Ao todo, são nove exposições que oferecem ao público uma oportunidade única de conferir obras de grandes nomes da fotografia contemporânea, nacionais e internacionais, que tratam de temas fundamentais nos dias de hoje, entre eles identidade, ancestralidade, justiça social e meio ambiente. Entre as mostras, três fazem parte da temporada França-Brasil, que acontece na cidade do Rio de Janeiro: Mulheres: identidade e meio ambiente — Uma cartografia sensível, das artistas francesas Alice Pallot, Karen Paulina Biswell, Caroline Tabet, Sophie Zénon, Flora Nguyen, que explora vínculos entre identidade e meio ambiente, com poética sensível e crítica, Sóis Negros, de artistas afro-guianenses Nathyfa Michel, Karl Joseph, Marc-Alexandre Tareau, OJOZ, NouN & T2i, Dayfe, Billy, que também dialoga com a cultura francesa e, ainda, Nego Fugido – Memórias Quilombolas, do fotógrafo e pesquisador Nicola Lo Calzo, projeto documental sobre resistência negra na Bahia, unindo história e poética visual.

A cerimônia de abertura contou com artistas, convidados e autoridades, entre elas, Dr. Theophilo Miguel, diretor-geral do CCJF e desembargador do Tribunal Regional Federal da 2º Região (TRF2), Anne Louyot, comissária geral da Temporada França-Brasil 2025, Emmanuel Lenain, embaixador da França no Brasil, Eric Tallon, Cônsul da França no Rio de Janeiro, além de um dos coordenadores do festival, Milton Guran, e os curadores da mostra Mulheres: identidade e meio ambiente Ioana Mello e Jean-Luc Monterosso, fundador e diretor da Maison Européenne de la Photographie, em Paris.

O diretor-geral do CCJF deu as boas-vindas ao público e agradeceu pela honra de sediar, mais uma vez, o FotoRio, que nos convida a uma reflexão compartilhada sobre identidade, ancestralidade, preservação ambiental e construção de um futuro comum. “Esta edição marca um momento único: a integração do festival à Temporada França-Brasil, uma prestigiosa iniciativa que celebra dois séculos de amizade, diálogo e cooperação cultural entre nossas nações”, destacou Dr. Theophilo. Ele lembra a longeva parceria entre o Centro Cultural e o festival, que ocupou o prédio histórico inúmeras vezes, inclusive em sua 1º edição. “Desde 2003, o CCJF e o FotoRio constroem uma colaboração exemplar, tornando nossas galerias um espaço vibrante de diálogo entre arte e sociedade”, frisou.

Milton Guran, um dos coordenadores do festival, agradeceu a oportunidade de ocupar mais uma vez o CCJF e ressaltou a importância de valorizar a carreira de servidores que trabalham há anos no espaço. “Nós nascemos aqui, há 22 anos. Fico feliz de ver que o pessoal da casa, que foi fundamental para que nós pudéssemos estar aqui, continuam no Centro Cultural, chegando ao topo da carreira. Para nós, isso representa muito, pois mostra que estamos em uma casa que respeita e reconhece o trabalho, que honra, portanto, os princípios do FotoRio que é dar visibilidade à fotografia como um bem cultural, ultrapassando gêneros, diferenças raciais e econômicas”, disse.

Hans Velpen, CEO da Helexia, empresa de energia patrocinadora das mostras da temporada França-Brasil, e Pablo Mena, Relações Institucionais da companhia, destacaram a bonita conexão entre as obras e os desafios que o ser humano vive hoje, em relação ao meio ambiente. “A mesma luz que nutre a natureza também permite fazer essas obras, então estamos muito felizes de não somente poder patrocinar, mas também de fato apoiar essa mudança do planeta que cada vez mais está conectada à sociedade”, ressaltou Mena. Já Anne Louyot, comissária geral da Temporada França-Brasil 2025, saudou a todos, principalmente os fotógrafos e fotógrafas responsáveis pelas exposições e explicou que as três exposições falam de duas grandes prioridades da temporada: a necessidade de fazer uma coalizão entre o público e o privado para proteger o meio ambiente e a diversidade das culturas, reforçando a importância do Brasil conhecer mais sobre a Guiana Francesa. “A Guiana merece ser mais bem conhecida pelos brasileiros, é uma cultura diferente e uma ponte entre as duas culturas”, pontuou. 

Emmanuel Lenain, embaixador da França no Brasil, encerrou a cerimônia de abertura do evento celebrando a parceria entre Brasil e França, marcada pela temporada 2025, que foi decidida pelos presidentes Lula e Macron, em 2023, para comemorar os 200 anos das relações diplomáticas entre os países. “França e Brasil compartilham valores fundamentais: democracia, diversidade cultural, compromisso com o clima e com o meio ambiente e a convicção que o multilateralismo é essencial. A cultura é parte essencial dessa visão e nesses dois países ela ocupa lugar central na vida social, um bem comum, uma força de inclusão e de transformação”, destacou.

Em paralelo, o FotoRio apresenta projetos de enorme relevância histórica e social, como O Povo Leva! O Povo Leva! – O Funeral de JK, com fotografia de Juvenal Pereira e curadoria de Milton Guran, que documenta momentos marcantes de comoção nacional do emblemático funeral de Juscelino Kubitschek, ocorrido há quase 50 anos; 10 Anos de Guerras sem Fim, de Gabriel Chaim, com uma visão profunda sobre os conflitos em Gaza e outras regiões do Oriente Médio; e o projeto dos artistas indígenas Kamikia Khisêtjê, Renan Khisêtjê e Sâksô Khisêtjê, que denuncia os impactos do agronegócio sobre seus territórios. Outras três exposições ampliam ainda mais a diversidade dessa edição do festival: Vale Night, de Aleta Valente, que convida mães a registrarem suas próprias experiências de liberdade; Altinha, de Tanara Stuermer, ressignifica gestos do jogo popular nas praias do Rio de Janeiro; e Como Olhar Junto, de Luiza Baldan, explora memórias e afetos em paisagens portuguesas.

Venha conferir! O FotoRio 2025 ocupa o CCJF até o dia 8 de novembro e, além das mostras, acontecem atividades extras. A entrada de todas as exposições é gratuita, de terça a domingo, das 11h às 19h. Mais informações aqui.