
curadoria
Milton Guran
abertura
9 set
ter 18h
visitação
10 set a 8 nov
ter a dom 11h às 19h
locais
- Galeria da Cela
- Gabinete de Fotografias
- Galerias do 1º andar
- Galerias do 2º andar
valor
Gratuito
Sinopse
O FotoRio 2025, um dos mais longevos e respeitados festivais de fotografia da América Latina, reafirma seu compromisso com a pluralidade de olhares e o intercâmbio global. Nesta edição, o público encontrará uma constelação de exposições inéditas reunindo artistas do Brasil, América Latina e Europa. O festival oferece uma oportunidade única de ver expoentes da fotografia contemporânea, nacionais e internacionais, explorando temas como identidade, ancestralidade, justiça social, meio ambiente e reinvenção dos corpos.
Mais informações sobre o evento podem ser acessadas em FotoRio 2025 .
Exposições
Como olhar junto
Luiza Baldan
O projeto Como olhar junto investiga memórias, paisagens e relações comunitárias na Cova do Vapor, Portugal. Entre encontros na Biblioteca do Vapor e a coleta de histórias de vida e observações sensoriais, Baldan busca resgatar afetos e narrativas de um território em constante transformação. Guiado por uma publicação que aborda pertencimento, identidade e resistência, o projeto reúne texto, fotografias e um vídeo co-dirigido com Patricia Black, que combina duas performances feitas na praia com moradores do vilarejo.
Sóis negros
Dayfe - Karl Joseph & Marc Alexandre Tareau - Nathyfa Michel - Noun T2i - OJOZ
Curadoria de ioana mello e Paul-Aimé William
Cada imagem aqui apresentada gera mais de um modo de existência, pronto para desafiar a organização social e as hierarquias culturais. Na linhagem do poeta da negritude Aimé Césaire, chamamos essas capacidades de imaginação — que ardem em nós e nunca morrem — de sóis negros.
Esses modos intensivos contribuem para trazer à luz possibilidades de vidas afrodescendentes, ao interpretar e transformar territórios, tecnologias, estilos e atributos. Eles visam unificar um projeto de autodeterminação entre as comunidades negras presentes no pluriverso florestal de Abya Yala.
Ao criar imagens que se tornam espaços de experimentação para a busca coletiva de dignidade diante da dissociação dos corpos negros, os fotógrafos e as fotógrafas afro-diaspóricas da Guiana Francesa resistem à persistência da supremacia branca. Fazem isso por meio da força ativa de suas espiritualidades, de seus usos urbanos, de suas sabedorias em ruínas e de suas tradições orais.
Nego Fugido
Nicola Lo Calzo
Curadoria de Ioana Mello
Das cinzas e do Fogo
Nego Fugido propõe uma imersão sensível na reafirmação da liberdade. Todos os anos, na comunidade quilombola de Acupe, Bahia, realiza-se essa performance ritual que encena a luta pela emancipação dos escravizados. Em contraponto ao discurso dominante, constrói-se uma contranarrativa conduzida por aqueles cujas histórias foram silenciadas, reapropriando o passado à luz do presente e oferecendo uma leitura complexa do legado colonial ainda vivo no Brasil e no mundo. A performance atua como mediação da memória, cruzando arte, política, espiritualidade e transmissão, e nos questiona: que vozes moldam nossa memória histórica? Quem decide os relatos que fundam uma nação?
Ao expor essa prática, Lo Calzo, artista-pesquisador, revela um lado silenciado da história — não registrado nos livros, mas nos corpos, gestos, cantos e rituais. Parte do projeto KAM (iniciado em 2010), que investiga as memórias atlânticas da escravidão e suas resistências, o trabalho nasce do diálogo e da escuta com a comunidade.
Na exposição, o público segue o fio vermelho de Exu, figura associada ao Nego Fugido, mediador entre deuses e homens, que reinventa o passado como ato de autodeterminação frente ao mito da democracia racial. No contexto da Temporada França–Brasil 2025, o projeto reforça o diálogo entre culturas e contribui para uma memória coletiva plural e viva.
Mulheres, identidades e meio ambiente – uma cartografia sensível
Alice Pallot, Carolina Tabet - Flora Nguyen - Karen Paulina Biswell - Sophie Zénon
Curadoria de Jean-Luc Monterosso e ioana mello
A Temporada França / Brasil é um convite às trocas e ao diálogo em torno dos temas da identidade, do clima e da transição ecológica.
Nesse espírito, a exposição “Mulheres, identidades e meio ambiente – uma cartografia sensível” reúne cinco artistas: Carolina Tabet, Alice Pallot, Flora Nguyen, Sophie Zénon e Karen Paulina Biswell. Juntas, elas abrem, através de territórios e histórias singulares, um espaço onde cada uma, utilizando a fotografia como ponto de partida, interroga nossa relação com o mundo.
As algas malditas do litoral bretão de Alice Pallot, a resiliência da erva de olhos azuis da Lorraine de Sophie Zénon, a Brugmansia insignis das comunidades andinas de Karen Paulina Biswell, o aquecimento climático de Corfu e das ilhas Marquesas de Flora Nguyen, ou ainda as consequências catastróficas da explosão de 4 de agosto de 2020 no porto de Beirute retratada por Carolina Tabet, alimentam uma reflexão sobre a necessidade de mudar nossa relação com a natureza.
Confrontadas aos grandes desafios ecológicos, essas artistas, ao ampliar nosso olhar e abrir a imagem para a observação e o estudo, nos lembram que fazemos parte do mundo vivo e que devemos, por isso, repensar urgentemente nosso lugar no mundo.
Altinha
Tanara Stuermer
Curadoria de Milton Guran
A cena é linda, a bola que sobe e desce sem tocar o chão tendo como moldura uma das praias mais famosas do mundo. Para isso virar fotografia, no entanto, é preciso traduzir tudo em uma harmonia de linhas, massas e volumes através da luz que envolve cada um desses elementos no momento exato em que o conjunto ganha sentido, seja informativo ou estético.
Aqui nessa mostra, em uma atitude bastante rara, a artista desvela o processo de criação como um guia para se chegar à plenitude da obra acabada, como se tivesse sida passada a limpo.
Com Tanara Stuermer a altinha foi mais longe, ganhou emoção, encantamento e fez o jogo expressar uma identidade própria da cultura carioca. Bastariam as fotos, mas ela foi mais além, combinando, superpondo e atravessando cenas e gestos uns com outros, criando, assim, um novo jogo verdadeiramente encantado.
Vale Night
Aleta Valente
Curadoria de Paulo Marcos de Mendonça Lima e Milton Guran
Mais do que uma exposição de fotografia, "Vale Night" é um ato de curadoria social que subverte a visão tradicional da maternidade a partir de um significativo gesto de sororidade. Através de um projeto de imersão, a artista Aleta Valente se propõe a cuidar dos filhos de mães solos, oferecendo-lhes uma noite de liberdade em troca de suas próprias narrativas visuais. As imagens resultantes, capturadas com a intimidade e a perspectiva única de cada mulher, emergem como um contraponto poderoso às representações unidimensionais e idealizadas da maternidade. Uma seleção dessas fotografias – impressas ou em projeção - , celebram o direito ao desejo e ao próprio tempo, revelando uma realidade complexa e rica que raramente encontra espaço na cultura midiática.
A exposição se torna um ambiente de empoderamento e celebração, onde as mães são as próprias autoras de suas histórias.
O povo leva ... O povo leva ... Funeral de JK
Juvenal Pereira
Curadoria de Milton Guran
Em 22 de agosto de 1976, o construtor de Brasília sofreu um acidente fatal na rodovia Rio / São Paulo. Apesar da oposição do governo militar, a família decidiu que ele seria sepultado na cidade que fundou. Seu caixão, coberto pela bandeira brasileira, foi posto sobre um carro do Corpo de Bombeiros e seguiu pelo Eixo Rodoviário Sul, cercado pelos aplausos dos moradores das superquadras, em direção à Catedral, onde seria velado. Ao sair da Catedral, no entanto, populares se apoderaram do caixão aos gritos de “O povo leva .. O povo leva...”. Com mais de 200 mil pessoas – a quem tenha estimado em 300 mil – o funeral de JK foi a maior manifestação popular da capital federal em toda a sua história.
Juvenal Pereira estava lá.
KHĪSÊTJÊ – TERRA É VIDA – HWYKHA RA ANHĪNTWA MBERI
Kamikia Khĩsedje - Renan Khĩsêtjê - Sáksô Suyá Khĩsêtjê
Curadoria de Milton Guran
Em 1961, quando foi criado o Parque Indígena do Xingu (PIX), situado no nordeste do estado de Mato Grosso, ficou fora da demarcação a área em que habitavam os Suyá, como eram conhecidos na época os autodenominados Khisêtjê. Recém contatados naquela ocasião pelos irmãos Villas-Boas, os Khĩsêtjê tinham sofrido severas doenças e tiveram muitas mortes, então foram levados para dentro do PIX, onde viveram por quase quarenta anos. Logo depois, os Khïsêtje tiveram a sua área invadida por fazendeiros, o que não os impediu de sempre visitarem e monitorarem seu território ancestral.
Finalmente, em 1994, após acirrado processo judicial, conseguiram o reconhecimento de uma parte do território tradicional, com a demarcação e homologação da Terra Indígena Wawi. No entanto, no final dos anos 1990, as antigas fazendas de pecuária se transformaram em extensos campos de soja contíguos ao limite de seu território. Hoje, os agrotóxicos se constituem em uma grande ameaça ao ambiente e à própria sobrevivência do grupo, a ponto de até as águas da chuva, dos rios e dos poços artesianos já estarem contaminadas. Essa situação é um grande desastre porque, para os Khïsêtje como para todos nós, terra é vida.
10 Anos de Guerras sem Fim
Fotos de Gabriel Chaim
Curadoria de Fernando Costa Netto e Paulo Marcos de Mendonça Lima
10 Anos de Guerras sem Fim revela o doloroso impacto dos conflitos armados sobre a vida humana. As imagens de Gabriel Chaim, retratando o Oriente Médio e o Leste Europeu, não oferecem esperança de paz, mas expõem a brutalidade inútil desses confrontos.
Movido pela coragem e um olhar ágil e destemido, Chaim se arrisca para capturar o instante em que a realidade se torna ficção. Sua fotografia documental é um testemunho vital contra a barbárie, garantindo que a verdade histórica não seja distorcida. A obra é uma declaração pessoal de guerra contra a guerra, destinada a assombrar e ensinar as futuras gerações.
Chaim cumpre, brilhante e impiedosamente, a missão de nos colocar dentro do teatro de horrores que são as guerras sem fim.
Atividades Extras
Visita guiada à mostra Altinha - com a artista Tanara Stuermer
Data: 4/10
Horário: 16h
Local: 1º andar, Gabinete de Fotografia
Ingresso: entrada gratuita
Classificação indicativa: livre
Acessibilidade: intérprete de libras
Relato de experiência - Enterro JK
Juvenal Pereira vai apresentar a cobertura do funeral do Presidente Juscelino Kubitschek em Brasília, em 1976. Na ocasião, além de imagens complementares à exposição, Juvenal vai trazer também suas impressões pessoais
Data: 22/10
Horário: 18h
Local: Sala de cursos
Participantes:
- Juvenal Pereira - autor da exposição O povo leva ... Funeral JK
- Ana Maria Mauad - historiadora e professora titular do Programa de Extensão do Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense (Labhoi-UFF)
Mediação:
- Milton Guran, Antropólogo, fotógrafo e curador do FotoRio
Realização
Vertigo Produção Cultural e Luz Tropical
Patrocínio
Banco Itaú S/A e HELEXIA Soluções Energéticas