abertura
25 jan, 15h
visitação
25 jan a 23 mar 25
ter a dom, 11 a 19h
Gratuito
curadora
Marilia Panitz
artistas
Dirceu Maués, Fernanda Azou, Marcos Siqueira Gisele Camargo, Coletivo Tutaméia, Pedro Gandra, Athos Bulcão, Elder Rocha, Miguel Ferreira, Milton Marques, Virgílio Neto, Luiz Mauro, Evandro Padro, Helô Sanvoy Raquel Nava, Rava, Irmãos Guimarães e Ismael Monticelli. Wagner Barja, Adriana Vignoli, Ludmila Alves, Matias Mesquita, Luciana Paiva Karina dias, Alice Lara, Davi Almeida, Isadora Almeida Pedro Ivo Verçosa Marcelo Solà, João Angelini, Florival Oliveira, Valéria Pena Costa Andrea Campos de Sá e Walter Menon, Antonio Obá, Derik Sorato, Leo Tavares , Farnese de Andrade, Bento Bem Leite , Fabio Baroli, Camila Soato Pamela Anderson, Grupo Empreza, Coletivo Três Pê.
Sinopse
O cerrado constitui a vegetação do Brasil profundo, do centro desse país continental. Sendo o bioma mais ameaçado de extinção, é também, simbolicamente, sinônimo de resistência às intempéries de todos os tipos. A sensação de uma aspereza da paisagem, aliada a uma suposta configuração semidesértica (típica da savana, em todo mundo), quase vazia do humano, se mantém por muitos séculos após a chegada do colonizador. Suposta.
Aqui floresceram civilização e cultura ignoradas pelos desbravadores do centro, até mesmo nos anos 1950, com o projeto da nova capital e da marcha para o oeste. Brasília surge como um enorme avião que pousa sobre o nada, pois ignora a vida ancestral da qual ela supõe apossar-se, de olho no futuro, uma capital futurista. As modernas capitais dos estados abarcados pelo bioma vão tendo que se haver com a potência da ancestralidade em seus entornos. Isto é fato.
Cada vez mais, os habitantes desses centros e em especial aqueles cujo a matéria prima do trabalho é a poética, lançam mão da natureza e da cultura ao redor, um redescobrimento que deixa sua marca na produção artística e na ação política de declarar suas especificidades em relação a outras regiões. E é claro, suas semelhanças.
A proposta desta mostra é estudar, dentro da Coleção Sergio Carvalho, os indícios de tal hipótese. Sérgio é um colecionador de arte
contemporânea brasileira, com um acervo que contempla todas as regiões do Brasil. Mas, talvez por viver em Brasília, tenha um documento dos mais interessantes da produção artística – do final do século passado e das duas primeiras décadas deste em que vivemos – , no centro do país.
O que nos propomos a fazer é levantar certas conversas embates entre obras que configurem este universo que o centro excêntrico (em relação ao mapa cultural brasileiro) produz como discurso visual e estético. Tal produção é determinada por este horizonte em linha reta, que acolhe as edificações e a transformação de seu ambiente de forma muito particular. Como estabelecimento de certo mapeamento, além dos estados pertencentes ao centro-oeste geopolítico, ou seja, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, são incorporadas algumas regiões fronteiriças de Minas Gerais e da Bahia, no sentido de demonstrar que a proximidade das terras e das culturas influenciam o modo de pensar e a produção de seus habitantes.
Por outro lado, lançamos a hipótese da influência exercida pelo cerrado naqueles que aqui viveram por um tempo significativo, ou se formaram em meio a sua vegetação áspera ou aqueles que depois de viverem em outras regiões, escolheram o planalto central e suas adjacências como o seu lugar.
Ficha-técnica
Sala1. Na linha contínua da paisagem, o que permanece. A ideia de paisagem é percorrida por suas diferentes abordagens. Pode ser uma operação de recorte do elemento que a define, a pedra, em uma experiência de não assentamento, ou de pouso na superfície geométrica de cor – quase um inventário –, ou o relato do cotidiano, ação banal tornada poética. Pode figurar a visão do passageiro que percorre a distância da mata ao cerrado e à cidade futurista, em imagens em movimento que são quase abstrações ou a composição de horizontes oníricos, cujas personagens se perdem na imensidão ao redor. Ou pode mergulhar nos elementos que à compõem, experiência física de diluição no lugar ou decodificá-la através da tela, quase inexistente, como alusão à distopia. Gisele Camargo, Marcos Siqueira, Pedro Gandra, Dirceu Maués, Coletivo Tutaméia e Fernanda Azou.
Sala 2. Entre traçados, anotações e costuras. O traço aqui se impõe como desenho, não importando em que linguagem as obras são concebidas. O traço anota o pensamento, anota o lugar, deriva nas possibilidades da
figuração, ganha o espaço tridimensional para se inscrever. E na criação dos trabalhos, apresenta certas questões, ou narrativas. É na justaposição, nos recobrimentos e nas emendas que o sentido se apresente para o olhador. Como se a linguagem fosse tomando para si todos os vestígios dos olhares, dos objetos, dos movimentos...Reaproveitamentos do mundo. O que já foi, continua presente nas transformações das coisas? Athos Bulcão, Elder
Rocha Milton Marques, Virgílio Neto, Luiz Mauro, Evandro Prado, Helô Sanvoy, Raquel Nava, Rava e Miguel Ferreira.
Sala 3. Chão de terra, céu azul, chão de concreto. Camadas de tempo vão se sobrepondo. O novo inventa uma história fictícia para estabelecer sua hipótese, aposta em um futuro como abandono do passado. Mas a raiz se impõe. Entre a construções, cresce a vegetação que retoma sutilmente o seu espaço. O cerrado dormita a cada ano, parece morrer, mas retorna à primeira chuva. A cultura se modifica e segue aprendendo com a inovação para seguir viva. Sob o imenso céu azul do centro do Brasil – sempre o mesmo – a história se faz inscrita na paisagem. O concreto se desenha sobre o chão mais antigo do país. E passamos a fazer a arqueologia das coisas, com os olhos entre duas direções. Adriana Vignoli, Pedro David, Ludimila Alves, Matias Mesquita, Luciana Paiva, Karina Dias, Alice Lara, David
Almeida, Isadora Almeida, Pedro Ivo Verçosa, Marcelo Solá, João Angelini Florival Oliveira, Irmãos Guimarães, Ismael Monticelli e Wagner Barja.
Sala 4. Das reminiscências do agora. Há algo que atravessa as terras antigas. Uma disposição de ver o invisível. Às vezes por fé, outras por atualização da memória através de suas imagens e objetos... às vezes por medo. Há ainda
aquilo que se forja pela metaforização da vida comum, um certo mergulho no fantástico. E há a conjugação das palavras com as figuras. No encontro entre ancestralidade e projeção do futuro, o imaginário se manifesta. Toda
imagem transcende sua função rotineira, tudo se desloca no universo das coisas. Farnese de Andrade, Valeria Pena Costa, Andrea Campos de Sá, Walter Menon, Antônio Obá, Derik Sorato e Léo Tavares.
Sala 5. O comum extraordinário: subversões. E a vida comum pode ser extraordinária . É só olhá-la por um viés diferente. Ou descrevê-la de uma forma que torne a experiência única, muitas vezes improvável, outras insuportável. Afinal, a naturalização do que ocorre com a sociedade provoca a banalidade. É preciso visão poética e visão política. É preciso subverter a ordem que não pareça ter sentido. E muitas vezes, é necessário inventar a realidade para poder produzir a mudança. As imagens aqui presentes são figurativas, muitas delas realistas. Os eventos reconhecíveis, mas...a partir daí tudo é deslocamento, tudo é estranhamento. Como deve ser. Fabio Baroli, Camila Soato, Pamella Anderson, Coletivo Três Pê, Bento Ben Leite e Grupo Empreza.
Realização
Centro Cultural Justiça Federal, Ministério da Cultura e Governo Federal (Lei Rouanet de Incentivo a Cultura)
Concepção e projeto
IPAC Instituto de Pesquisa e Promoção à arte e cultura
Patrocínio
Eletrobrás
Produção
4ART Produções Culturais