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Notícia

Uma Capital Federal: A voz de Arthur Azevedo no palco da história

Publicado em:
17/12/2024
A imagem mostra um grupo de jovens, todos vestidos com roupas pretas, em sala com enorme tapete vermelho, portas em madeira, parede e teto com adornos de época. Eles estão em pé, sorrindo.

Na última sexta-feira, dia 13 de dezembro, o grupo da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna apresentou uma leitura dramática do livro Uma Capital Federal, do escritor Arthur Azevedo. Na Sala de Sessões do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), a voz do dramaturgo brasileiro ganhou vida e encantou o público presente.

A parceria do CCJF com uma das mais antigas escolas de teatro da América Latina em atividade começou com uma pequena introdução sobre o prédio do Centro Cultural — que seria inaugurado pouco depois da morte de Azevedo, em 1909, para ser a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa abertura, que abordou um pouco sobre a história do local, teve o propósito de transportar o público a uma época muito diferente da atual. Já dentro da Sala de Sessões, palco de julgamentos importantes como o habeas corpus de Olga Benário, o grupo de teatro narrou as páginas do livro de Azevedo, que trata da chegada de um fazendeiro e sua família à capital em busca de Gouveia, o noivo de sua filha. Eles são então envolvidos pelo caos da cidade grande, pelas tentações sexuais e pela forte influência da cultura francesa da época, sendo manipulados por moradores como Lola, uma cortesã espanhola, e Figueiredo, um gigolô.

É a dramatização de um texto que tem como plano de fundo o embate entre o rural e as transformações urbanas, realizada em um prédio histórico localizado na cidade do Rio de Janeiro que, nos primeiros anos da república, foi a grande capital federal. O grupo de 14 alunos, guiados pelas professoras Cláudia Marques e Ana Paula Brasil, dramatizaram as contradições e peculiaridades fluminenses, destacando personagens que, de diferentes maneiras, encarnam os conflitos entre o campo e o urbano.

Eric Max, aluno da escola, afirma sempre ter tido o sonho de estudar na Martins Penna e que ele considera essa oportunidade um verdadeiro presente. “Quando estamos envolvidos com a arte, sagrada para a gente, também encontramos pessoas que são curandeiros da arte”. Em relato, Eric se emociona ao lembrar da fábula “A Serpente e o Vagalume”, dita pela professora Cláudia Marques em sua primeira aula, que traz uma reflexão sobre inveja. Na trama, uma serpente persegue o vagalume por três dias apenas por não suportar seu brilho. “Nós todos temos brilhos, nascemos para transformar o Brasil, nossos povos. Encontrarei muitas serpentes, mas não deixarei que elas apaguem meu brilho”, destaca.