gratuito
Sinopse
Ciclo de encontros cinematográficos mensais que, a partir da Ditadura Militar, provocam reflexões sobre temas imbricados em nossa sociedade até hoje. Sempre na 2ª terça-feira de cada mês.
Os bate-papos ocorrerão após a exibição dos filmes, transversalizando os debates e enriquecendo com a troca de experiências.
SESSÃO: COMISSÕES E COLETIVOS – POR MEMÓRIA, VERDADE, JUSTIÇA E REPARAÇÃO
A data emblemática de 10 de dezembro contextualiza o marco da Declaração Universal dos Direitos Humanos, determinada pela Organização das Nações Unidas, em 1948.
Em que medida o trabalho de coletivos por Memória, Verdade, Justiça e Reparação, assim também comissões como a de Anistia, DDHH e da Verdade, tem dado conta de transcender o universo das vítimas afetadas – direta ou indiretamente, pelo Terrorismo de Estado, chegando de forma mais ampla e provocando a conscientização na sociedade, de modo geral, sobre as injustiças e os excessos ditatoriais implementados pelos governos militares na chamada “noite que durou 21 anos”?
Na ocasião, e como encerramento da Mostra 60x6, também abordaremos, a pauta dos espaços de memória, como importantes dispositivos simbólicos e concretos de acesso e difusão sobre os períodos de repressão, causas e consequências.
Serão debatidas questões como história, gênero e desigualdade social e racial no contexto da repressão e do terror de Estado, embasando nossa curadoria.
Programa
17h - Filmes
“INCONTÁVEIS. [Episódio 3]: MULHERES NA DITADURA”, realizado pela Comissão da Verdade e Memória – UFRJ
(Ano: 2021. Duração: 10’25”. Cor):
A série aborda a diversidade de corpos e trajetórias atingidos pela violência de Estado. “Incontáveis” narra histórias que ainda não foram contadas sobre a ditadura militar no Brasil.
O episódio “Mulheres na ditadura” trata da violência contra as mulheres durante a ditadura militar. A memória do período tende a priorizar homens, brancos, heterossexuais, em sua maioria associados à luta armada, seja em filmes ou produções literárias e culturais. Entretanto, a participação das mulheres em suas múltiplas formas de resistência foi longe de secundária. A presença feminista na luta contra a ditadura se associou ao movimento pela anistia. Mães e familiares protagonizaram a denúncia das violações na esfera pública. Ao mesmo tempo, o regime utilizava a violência sexual como forma de tortura, mostrando a indissociabilidade entre gênero e Estado, moralidade e a política. A narração do episódio é de Lucia Murat, cineasta e ex-presa política durante a ditadura.
“INCONTÁVEIS. [Episódio 4]: POPULAÇÃO LGBTQIA+ NA DITADURA”, realizado pela Comissão da Verdade e Memória:
(Ano: 2021. Duração: 11’13”. Cor)
A série aborda a diversidade de corpos e trajetórias atingidos pela violência de Estado. “Incontáveis” narra histórias que ainda não foram contadas sobre a ditadura militar no Brasil.
Este episódio aborda a temática da violência do regime contra a população homossexual e transsexual, que hoje conhecemos sob a sigla LGBTQIA+. Os corpos e sexualidades dissidentes estiveram na mira do aparato repressivo ditatorial, que buscava construir uma sociedade aos moldes da "moral e dos bons costumes". A preocupação com a "apologia ao homossexualismo", frequentemente, associada ao comunismo internacional, serviu para embaralhar as fronteiras entre o moral e o político, justificando diversas censuras e demissões. A violência contra gays, lésbicas e pessoas trans também foi constante, realizando-se por meio de batidas policiais, prisões e torturas. As ideias de liberdade sexual e do desejo como algo dissociado das relações de poder são questionadas no filme através de documentos e testemunhos do período. A narração do episódio é de Hércules Quintanilha, cientista social formado pela UFF, detido pelas forças de segurança no Rio de Janeiro durante a ditadura.
“DESTEMPOS”, dirigido por Dario Gularte, produção Domínio Público Filmes e Grupo Filhos e Netos (RJ)
(Estreia. Duração: 39’. Cor)
Filme-manifesto que documenta o encontro entre arte, clínica e política. Pessoas afetadas pela violência do Estado, o efeito em seus corpos, processo da construção dos testemunhos não apenas como denúncia, mas também enquanto enunciação criadora, agenciadora da produção e manifestação de subjetividades, tornando públicos os arquivos privados, numa costura entre o público e o privado, quebrando barreiras de silêncio e potencializando a luta por verdade, memória e justiça.
18h
Debate
No dia Internacional dos Direitos Humanos, debateremos as Comissões (como as de Anistia e da Verdade) ligadas à temática dos Direitos Humanos e à Democracia, em perspectiva e na atualidade.
Mini bios
Debatedores:
DARIO GULARTE
É roteirista e diretor cinematográfico. Dirigente da Domínio Público Agência Cultural, trabalha em parceria com diversas instituições públicas brasileiras nas esferas federal, estadual e municipal com vistas ao desenvolvimento de projetos de produção, distribuição e exibição de conteúdos nacionais e latino-americanos no Brasil e no exterior. Em sua trajetória, já dirigiu associações de classe, organizou e participou de encontros nacionais e internacionais do setor audiovisual. Como curador de mostras e festivais, jurado em comitês de seleção e consultor de políticas públicas, atua na disseminação do audiovisual brasileiro e latino-americano. Organizador e curador da Mostra 60x6.
NADINE BORGES
Advogada, doutora em Sociologia e Direito, ex-presidente da Comissão da Verdade do Rio e ex-secretária de Direitos Humanos e Cidadania de Niterói. Atualmente é Presidente do PSB Niterói.
FELIPE NIN
Arquiteto e Urbanista, membro do Coletivo RJ MVJR, da Campanha Ocupa DOPS e autor do projeto de arquitetônico do Museu do Trabalho e dos Direitos Humanos de Barra Mansa.
MÁRCIA ELAYNE BERBICH DE MORAES
Advogada, doutora em Ciências Criminais pela PUC do Rio Grande do Sul. Foi integrante da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça de 2008 a 2016 e desde 2023 integra a Comissão de Anistia no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Autora do livro "A canalização da violência após a ditadura militar no Brasil" pela Êxito Editorial, 2016.
TANIA KOLKER
Esquizoanalista e analista institucional formada pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise, Grupos e Instituições - IBRAPSI; doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Coordenadora do Núcleo de Atenção Psicossocial a Afetados pela Violência de Estado – NAPAVE; coordenadora (2016 e 2017) e terapeuta (2013 a 2017) do Projeto Clínicas do Testemunho do RJ; Membro da equipe clínico-grupal do Tortura Nunca Mais (de 1994 a 2010); supervisora clinico-institucional da Formação Livre em Esquizoanálise; autora de diversos artigos sobre os dispositivos clínico-políticos na atenção psicossocial a pessoas afetadas pela violência de Estado; o papel dos mecanismos de monitoramento na prevenção à tortura; os efeitos transgeracionais da violência de Estado; entre outros.
JULIANA DAL PIVA
Jornalista formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Repórter do Centro Latino-americano de Investigação Jornalística (CLIP) e colunista do ICL Notícias. Apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do Jabuti de 2023. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL.