Abertura de três exposições no CCJF conta com presença ilustre do artista Chico Buarque
O 1º andar do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, está transbordando arte. No último sábado, dia 9, aconteceu a abertura das três exposições, gratuitas, que irão ocupar as galerias e o Gabinete de Fotografia do CCJF até 16 de fevereiro de 2025, de terça a domingo, das 11h às 19h. As mostras Infinitos - Pinturas Recentes de Maria Lynch, Espaços Quânticos, de César Oiticica Filho e Lona Preta: o MST no Olhar de Francisco Proner se valem de contrastes inspiradores, sejam eles visuais, como é o caso dos artistas Maria Lynch e César Oiticica Filho — cujas obras experimentam uma mescla de cores vibrantes e variações de formas —, ou sociais por meio das fotografias em preto e branco do fotojornalista Francisco Proner, que documenta a vida e luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Brasil. A ocasião foi propícia para a visita de convidados ilustres, dentre eles o cantor, compositor, dramaturgo e escritor brasileiro, Chico Buarque, ícone da história do país. Chico interagiu com a sala sensorial de Cesar Oiticica, deitando nos tapetes de palha para ter a experiência completa que o espaço oferece, além de contemplar os quadros e fotos das mostras. Sobre o tema MST, de Lona Preta, ele confessou ter afinidade com o assunto, especialmente em função do massacre do Eldorado Carajás, ocorrido em 1996, no sul do Pará. “De certa forma, acompanhei a tragédia quando trabalhei junto com o Sebastião Salgado e José Saramago, no livro “Terra”, que aborda esse episódio sangrento, terrível e o Fran (Francisco Proner) retrata isso com propriedade, ele vai atrás, não só fotografa, mas se integra à fotografia e ao ambiente”, ressalta Chico.
Mabel Chaves, socióloga, que deixou o país em 1980, durante a Ditadura Militar, e passou anos em Genebra, na Suíça, se emocionou com as obras de Proner. “Retratar a luta do MST me toca muito. Sempre trabalhei com temas sociais. Meu marido foi autoridade no refúgio político, sempre fomos muito interessados pela realidade dos sem terra, é algo vanguardista, maravilhoso. Falo isso com nó na garganta, de emoção”, conta Mabel. Ao se deparar com as obras de Espaços Quânticos, Eduardo Folly, administrador de empresas, ficou impressionado. Ele explica que conseguiu admirar o trabalho, que inclui pinturas em tela e impressões em tecidos que reproduzem as imagens “quânticas” — construídas com base na sobreposição de cores, luz e papel fotográfico —, não apenas por um único ângulo mas em vários deles. “Consegui navegar em cada obra por ângulos diferentes, enxergar assuntos diferentes e isso me remeteu demais a física quântica que traz todo um universo. Ao contemplar as obras do artista, consegui entendê-las de diversas formas e isso me chamou muito a atenção”, destaca.
As obras de Maria Lynch também agradavam bastante o público, que comentava sobre elas entusiasmado sobre a composição de cores, temas e inclusive o tamanho das obras selecionadas, enquanto circulava nas galerias, no dia da abertura. Uma das telas, inclusive, precisou ser transportada em um caminhão maior para conseguir chegar ao espaço e ser exibida ao visitantes.