
Um fevereiro tomado de ritmos brasileiros no saguão de entrada do CCJF

Sabe aquela alegria contagiante que a música e a dança são capazes de trazer? Aquele suspiro agradável e quase repentino em tardes de verão nas quintas-feiras que surpreendem e tem o poder de fazer nosso dia melhor? Pois então, nos dias 6, 13 e 27 de fevereiro, quem passava na frente do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) por volta das 17h pôde se deparar, no hall de entrada, com a grata surpresa de aproveitar os shows do Atabloco, Bloco dos Inconfidentes e Grupo Aturiá, respectivamente. Com apresentações gratuitas e únicas, diferentes ritmos musicais brasileiros que costumam ser menos difundidos junto ao grande público, tomaram o ambiente. Os artistas, que participaram do festival Ritmos Brasileiros no Verão, fizeram do CCJF um grande palco, acessível a todos. A ideia era incentivar a integração da música com o movimento da cidade, em pleno verão carioca.
No dia 6, o Atabloco, fundado em 2018 e situado na região da Pequena África, trouxe toques de atabaque com um repertório que transita entre o sagrado e o profano. Na ocasião, Art, músico idealizador e fundador do grupo, tocou o instrumento de percussão dando ênfase a obras autorais e instrumentais, cujos arranjos são elaborados, sobretudo, sob a influência dos toques de Umbanda, religião de matriz africana. Foi um verdadeiro passeio pelas raízes que deram origem a ritmos importantes da música popular brasileira.
Atabloco trazendo toques de atabaque ao público que prestigiava a apresentação
Na quinta-feira, 13, foi a vez do Bloco dos Inconfidentes transformar a entrada do CCJF em um baile de pré-carnaval. Com repertório bem eclético — ritmos como Ijexá, Samba, Marchinha, Maculelê e Jongo — e forte influência das canções de protesto, o público conferiu, aplaudiu e dançou canções de artistas consagrados da MPB e cancioneiros populares. Tiago Batistone, diretor musical e regente do Bloco dos Inconfidentes, ressalta a importância da arte de rua, como blocos e manifestações culturais, ocuparem o espaço de museus. Ele conta que, desde 2022, o foco do grupo tem sido criar um espaço para estudo de ritmos populares e transmitir o conhecimento e legado de mestres destes ritmos que são convidados a ensinar ao bloco um pouco de seu aprendizado musical. “O tambor é uma herança africana, devemos tratar com muito respeito e carinho aqueles que vieram antes de nós. No Bloco dos Inconfidentes, já trabalhamos Carimbó, e, neste módulo recente, trabalhamos o Jongo. Tivemos o apoio do nosso querido mestre, Xandy Carvalho”, conta Batistone. Ele adianta que, para os próximos módulos, o grupo pretende trazer outras pessoas e manifestações populares -- algumas pouco vistas no Rio de Janeiro, sempre com muito respeito e com uma escuta aberta ao ensinamento que elas podem trazer.
Grupo Aturiá animando o público que prestigiou a apresentação no saguão de entrada do CCJF
Fechando o festival musical de verão do CCJF, dia 27 de fevereiro se apresentou o grupo Aturiá, que mescla música, dança e performances ao ritmo de Carimbó Pau e Corda. O show trouxe um repertório rico em poéticas do universo caboclo amazônico com composições de grandes mestres do Carimbó raiz, como Verequete, Lucindo, Dikinho e mestra Bigica, além de composições autorais que versam sobre encantarias e o protagonismo feminino. O grupo musical, criado em 2019, atualmente é formado por 10 integrantes mulheres que atuam em rodas e shows. Elas participaram, inclusive, do desfile da Grande Rio, que este ano celebrou as Pororocas Parawaras e as riquezas culturais do Pará. O grupo, bastante aplaudido, animou o público de mais de 60 pessoas que se juntaram no saguão de entrada do CCJF e dançaram ao som do Carimbó.