Um ato a favor do meio ambiente e da democracia: "Parada 7" leva às ruas do Rio centenas de pessoas, incluindo artistas e indígenas
Na tarde do último sábado (7), Dia da Independência do Brasil, o Centro da cidade do Rio de Janeiro se transformou em um grande palco a céu aberto. Nele, centenas de pessoas foram às ruas para levar a mensagem da arte, desta vez, com importantes reflexões sobre sustentabilidade, igualdade, democracia, ecologia, independência, cultura e vida. A 3ª edição do projeto de arte contemporânea Parada 7, organizado desde 2022 pelo Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) e o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (CMAHO) trouxe como mote, este ano, a crise climática e a defesa das florestas. O cortejo-parada realizado por músicos, atores, poetas, dançarinos e artistas visuais concentrou-se em frente ao CCJF e seguiu até a Praça Tiradentes, na frente do CMAHO, encantando quem assistia com pinturas, danças, performances, poemas, e cantos.
Este ano, a Parada 7 • Levante Floresta teve a honra de receber um grupo especial: cerca de 50 representantes do povo Tupinambá, que vieram da Bahia para reivindicar o manto Tupinambá, peça sagrada que foi devolvida ao Brasil pela Dinamarca após mais de 300 anos, e que desde junho se encontra no Museu Nacional. Eles vieram a frente do cortejo entoando cantos tradicionais indígenas, emocionando o público. O manto Tupinambá, uma vestimenta sagrada produzida com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural, possui um enorme valor histórico para o Brasil e resgata a memória transcendental dos Tupinambás. Trata-se de uma obra de arte, objeto de culto de grande importância para a cultura indígena brasileira.
Parte do grupo de Tupinambás que veio da Bahia entoando cânticos dacultura indígena
Entre os figurinos que enriqueceram o cortejo, um destaque foi a obra de arte no corpo intitulada “Ornitófilo, o amante dos pássaros” do cearense Raimundo Rodrigues que alertava para os riscos ecológicos como as queimadas, um dos problemas quelevam à devastação florestal no Brasil. Ele usava um manto coberto por folhas e uma máscara em papel marché que misturava a imagem de um humano com a de um pássaro —segundo ele, todo o traje foi inspirado na ornitologia, ciência que estuda as aves. “O lugar de onde eu venho, agora só tem pedra e céu, mas já foi floresta um dia e hoje está bem devastado…por isso acho muito importante qualquer tipo de manifestação que possa levar alguma reflexão e essa é minhaforma de comunicar”, ressalta o artista. Beatriz Santos, que faz parte do Coletivo Floresta Cidade, que desfila desde a 1ª edição do cortejo em 2022, diz que esse é o momento deles experimentarem um pouco da sensação de 'ser floresta', além de pensar a cidade dessa maneira. “A Parada 7 é um momento muito importante da gente colocar as fantasias na rua, entrar dentro dela e se sentir um pouquinho planta também”, conta.
Complementar ao cortejo, que no final ainda contou com shows de rock e tecno macumba, está sendo organizada uma exposição de artes visuais com obras dos artistas participantes do projeto, cuja inauguração será no dia 14 de setembro, no CMAHO. A ideia é seguir a temática do cortejo, trazendo como tema central a crise climática, o desenvolvimento sustentável, a relação homem e natureza e debates em torno da pergunta: “que planeta queremos para nós e para nossas próximas gerações?” Um ótimo programa para quem quiser refletir sobreo tema de uma forma artística e cultural.