Tributo ao mestre Agostinho dos Santos marca mais uma passagem de Alcides Sodré nos palcos do CCJF
No dia 12 de novembro, o público do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) pôde prestigiar a segunda apresentação do ano do músico Alcides Sodré, no Teatro do CCJF. No mês em que se reforça a luta contra a desigualdade racial, celebrando o Dia de Zumbi dos Palmares (20), símbolo da resistência negra no país, Alcides prestou homenagem ao renomado intérprete da música brasileira Agostinho dos Santos, que fez sucesso no Brasil e no exterior na década de 1970, abrindo caminhos para nomes como Milton Nascimento, por exemplo. Agostinho se consagrou no Carnegie Hall, em Nova York, como o artista mais aplaudido da noite e imortalizou canções como Manhã de carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria) e A felicidade (Tom e Vinícius), ambas do filme brasileiro Orfeu Negro. “Agostinho dos Santos é um rei. Um dos nossos maiores cantores de todos os tempos. Foi um preto notável que não se rendeu a amarras e imposições e cantou tudo o que quis. Ele foi um dos responsáveis por internacionalizar a música brasileira”, ressalta Alcides Sodré.
No show Leva-me Contigo - Tributo a Agostinho dos Santos, o artista, acompanhado por Fábio Negroni no violão, na guitarra e nos arranjos, cantou sucessos como Manhã de carnaval (Luiz Bonfá/Antônio Maria), Leva-me contigo (Dolores Duran), Dindi (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira) e Travessia (Milton Nascimento). A receptividade do público foi extremamente positiva. Muitos, inclusive, tiveram o primeiro contato com a obra de Agostinho naquele dia. “Fico feliz de prestar esse serviço, de levar essas canções às pessoas e, sobretudo, compartilhar mais sobre esse artista que tanto me representa em um mês tão importante para nossa raça, para nossa existência. Só tenho a agradecer o CCJF que tem uma produção muito criteriosa e cuidadosa”, destaca o músico ao lembrar da importância urgente da conscientização da população com relação ao racismo estrutural. “Eu, como preto que sou há 52 anos, sempre tive consciência dessa cor e estamos precisando muito que a sociedade brasileira entenda sobre as questões raciais e saiba que não somos minoria, mas sim minorizados, que é uma coisa bem diferente”, completa.
Tatiana Barboza foi uma das espectadoras do show tributo. Ela conta que ficou muito emocionada com o sentimento e a sensibilidade de Alcides ao interpretar as músicas de Agostinho. “Mexeu muito comigo, fiquei super emocionada, chorei um bocado. Fazia muito tempo que eu não tinha uma experiência musical tão rica. O compilado que Alcides fez das obras de Agostinho foi perfeito, fantástico. Foi muito interessante a maneira como ele contou a história da trajetória do compositor”, pontua Tatiana.
Cerca de dois meses antes dessa apresentação, o cantor e compositor Alcides Sodré subiu no palco do Teatro do CCJF para o show de lançamento de seu primeiro EP, Em Mar Aberto, acompanhado de sua banda. “Tive um abraço gigante do público. Algumas pessoas conheciam o meu trabalho e outras conheceram por conta da divulgação; acabaram me seguindo e hoje fazem questão de mandar mensagem nas minhas redes”, conta. Ele lembra que a apresentação foi um momento impactante de sua carreira, reforçando a certeza do caminho que está trilhando. “Sou dedicado à música contemporânea, carrego essa bandeira comigo e procuro dar voz aos compositores contemporâneos, contrariando a fala que não se faz música boa hoje em dia. Não por acaso o CCJF tem sido um vetor de muitos trabalhos com qualidade e fico feliz por isso”. Segundo Alcides, o lançamento do EP o ajudou a ter mais força para trabalhar em cima do próprio repertório. “Espero que no próximo ano estejamos novamente juntos para mais jornadas musicais”. Então, que venha 2025!