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Ritmos Brasileiros no Verão: difundir, conhecer, valorizar, difundir

por Claudia Domingues, servidora pública da Justiça Federal, responsável pelo Setor de Música do CCJF
Publicado em:
10/03/2025
Na imagem, Claudia Domingues, responsável pelo Setor de Música do CCJF, uma mulher de cabelos longos e cacheados sorri. Ela usa um colar com pedras e uma blusa roxa. Seu olhar transmite simpatia e alegria. O fundo está desfocado, destacando seu rosto iluminado.

"A letra da música “Querelas do Brasil”, de Maurício Tapajós e Aldir Blanc, lançada em 1978 por Elis Regina, ainda retrata uma verdade. Nela é cantado '...O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil nunca foi ao Brasil...'".

Partindo da premissa de que ninguém gosta do que não conhece e de que a música brasileira possui uma infinidade de ritmos e gêneros populares de diversas regiões do país, realizamos, durante o verão, nos meses de janeiro e fevereiro, apresentações musicais gratuitas no saguão de entrada do Centro Cultural Justiça Federal - CCJF. Foram quatro apresentações, em quatro quintas-feiras, sempre das 17h às 18h, sendo um grupo diferente a cada vez.

A ideia de realizar essas apresentações foi tirar os artistas de dentro do teatro e colocá-los ao alcance do público que não tem acesso ou conhecimento sobre eles, aproveitando o horário de saída dos trabalhadores de seus serviços e a cidade movimentada com turistas passantes pela Cinelândia. Os ritmos escolhidos foram os brasileiros, já que nossa música é riquíssima e combina com a alegria e a euforia do verão. Escolhemos especialmente ritmos populares menos difundidos, tais como Roda de Coco, Carimbó, toques de atabaque influenciados pelos terreiros e outros gêneros de diferentes regiões do Brasil, desejando que cada vez mais "o Brasil conheça — e valorize — o Brasil". 

O Grupo Zanzar, representado por sete mulheres que pesquisam, difundem e promovem ações educativas há 19 anos, inaugurou o festival, em 16 de janeiro, apresentando Roda de Coco, música e dança, colocando o público para participar da roda. Em 06 de fevereiro, Art, um músico negro do Morro da Providência que tem uma escola de música na Pequena África, no Centro do Rio, apresentando uma versão reduzida do seu Bloco de Atabaques - Atabloco -, sob toques de terreiros de Umbanda, trouxe uma pequena parte do seu vasto repertório, que transita entre o profano e o sagrado. Em 13 de fevereiro, o Bloco dos Inconfidentes, com forte influência das canções de protesto, chegou com pernas de pau e ritmos brasileiros como Samba Reggae, Jongo, Ijexá e Marchinha. E, fechando o programa, em 27 de fevereiro, na véspera da largada oficial do Carnaval, o Grupo Aturiá, composto por mulheres e fundado pela paraense Andréia de Vasconcelos, trouxe o Carimbó Pau e Corda, do universo caboclo amazônico, um prenúncio do que pôde ser visto em sua participação no desfile da Escola de Samba Grande Rio, durante o Carnaval.

Ficamos felizes em presenciar adolescentes de projetos sociais uniformizados e trabalhadores que estavam esperando o transporte público passar para voltarem para suas casas não resistirem e se divertirem com a música e a dança que aconteciam no hall de entrada do Centro Cultural, deixando a volta para casa para mais tarde; servidores públicos de outros órgãos e funcionários de empresas com suas mochilas nas costas cederem à curiosidade e se alegrarem junto com todos; profissionais terceirizados do CCJF espiarem com ar de surpresa os toques de terreiro, talvez tão familiares para alguns deles, mas, desta vez, dentro de seus próprios serviços; turistas estrangeiros que estavam circulando pela Cinelândia caírem na dança entusiasmadamente.

Democratizar a arte, colocando-a inesperadamente no caminho, levando um pouco de alegria ao dia a dia, muitas vezes pesado, das pessoas de variadas idades e origens e, ao mesmo tempo, difundir nossa cultura popular para os estrangeiros e para os próprios brasileiros foi nosso objetivo, atingido com satisfação ao ver a harmonia e o clima de alto astral entre todos.

Difundir essa rica cultura para as pessoas conhecerem; conhecendo-a, poderão valorizá-la; valorizando, irão replicá-la, difundindo-a. E segue o ciclo.

*Clara Walsh, que além de servidora pública também é cantora, e a estagiária de Produção Cultural Natálya Pascarillo compõem, juntamente comigo, a equipe de Música do CCJF. Quero agradecer a elas por terem se juntado a mim tornando possível realizar o projeto, além de toda a equipe do CCJF que acolheu e deu força à ideia.