Pular para o conteúdo principal
NewsletterLogomarca VITRAL CULTURAL

Representatividade e ancestralidade na peça O Menino Omolu

Publicado em:
12/08/2024
A foto mostra umhomem negro com cabelos pretos e vestes em tons terrosos (calça e blusa). Ele está em um palco, com um cenário semelhante a uma feira livre e de artesanato. Há uma lua artificial logo atrás dele e refletores que iluminam o local. Ele olha para câmera. Nos cantos esquerdo e direito é possível perceber parte do corpo de duas outras pessoas que dividem o palco com o ator que está no centro.
Peça infanto-juvenil O Menino Omolu, nos palcos do CCJF

Em julho, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) também ofereceu uma experiência rica em entretenimento para as crianças e jovens com a peça O Menino Omolu. 

O espetáculo infanto-juvenil apresenta ao público as dificuldades enfrentadas por um menino que se vê excluído do mundo devido a suas feridas ancestrais. A peça não só promove uma reflexão sobre como devemos tratar o próximo, como também mergulha na mitologia africana. Com uma proposta que combina teatro, dança e música, o espetáculo aborda temas como diversidade, inclusão e acessibilidade de maneira acessível, encantando e educando quem a assiste. 

Com músicas e cores, o palco ganhou vida quando os atores entraram em cena. Utilizando-se da licença poética, a peça traz à tona Omolu, o Orixá que cura as dores e feridas do mundo. Na história, ele é adotado após ser abandonado à beira de um rio por sua mãe ao nascer, pois ela não o aceitou devido às marcas em seu corpo. Desde seu nascimento, Omolu enfrenta preconceitos por conta dessas cicatrizes. 

Em vários momentos, os atores se dirigiram diretamente ao público para compartilhar experiências vividas por seus personagens, revelando as dificuldades enfrentadas para serem aceitos pela sociedade, seja pela cor da pele, religião ou maneira de ser. Essas interações levaram os espectadores a se conectarem e refletirem sobre cada história, incentivando a prática da empatia.

De acordo com Cynthia Esperança, diretora e idealizadora do projeto, a peça teve uma crescente de público durante a temporada, variando de 15 a 98 pessoas. Marco importante para eles, já que não obtiveram patrocínio e apoio para uma divulgação em massa. Ela afirma que o espetáculo foi abraçado por crianças, adolescentes e adultos. “Foi uma temporada muito bonita, importante para todas as pessoas da equipe. Esperamos voltar em breve!”, destaca Cynthia. 

A espectadora Grazielle Nogueira, que esteve na plateia para prestigiar o espetáculo, compartilhou que sua relação com a espiritualidade — ela segue a religião de matriz africana Umbanda — ganhou outro sentido quando se deparou com a história da peça. Além de lembrar de Orixá, ela afirma que a narrativa a lembrou de sua infância, uma época em que se sentia insegura e envergonhada, principalmente por ser uma mulher negra. “A peça é para todas as idades e nos leva a lugares inimagináveis, representa um salto de positividade, felicidade e axé! Que possamos nos curar com a pipoca de Omolu!”, celebra Grazielle.