
A realidade narrada na Jornada de um Herói

Durante o mês de março, o Teatro do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) recebeu A Jornada de um Herói, uma peça teatral que traz a reflexão de quem são os verdadeiros heróis da sociedade. Esse monólogo foi dirigido por Alexandre O. Gomes e escrito e protagonizado por Mateus Amorim.
O espetáculo conta a história de José, um funcionário de uma fábrica de carvão que foi demitido por questionar a diminuição do seu tempo de almoço. Assim como o modelo narrativo das histórias mitológicas, a jornada do protagonista segue todos os 12 passos para se tornar um herói mas, diferente das originais, essa não é a história de um herói da Grécia Antiga, mas sim de um homem que dá a sua vida em troca de misérias.
O personagem vai em busca do seu Fundo de Proteção e Garantia do Trabalhador Desempregado (FGTS) e é obrigado a enfrentar os monstros do cotidiano, como o transporte público lotado, uma viagem longa e cansativa, pessoas mal-intencionadas pelo caminho, até chegar ao seu destino: a agência bancária. Ao interpretar no palco essas situações cotidianas, o ato arrancou risadas do público, fazendo muitos se identificarem, tendo até quem contribuísse para o enredo, relatando experiências próprias.
Essa história, um pouco diferente da maioria das narrativas exibidas nos cinemas e nas televisões, retrata a realidade de milhões de “Josés” que são ignorados por um sistema que insiste em não vê-los e que, mesmo não tendo noção da realidade em que vivem, vão à luta diariamente na esperança de ter o suficiente para sobreviver.
Ao conversar com a Vitral Cultural, o diretor do espetáculo, Alexandre Gomes, compartilhou que a temporada foi bem-sucedida e ressaltou a importância da presença de um público engajado. “Ao longo das apresentações, a montagem despertou grande interesse do público, promovendo reflexões significativas e gerando trocas potentes entre artistas e espectadores. A presença constante de um público engajado reforça a relevância do tema abordado e evidencia a importância de ocupar espaços culturais com produções que provocam, sensibilizam e dialogam com questões urgentes da sociedade”, declarou.