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No CCJF, mostra de curta-metragens destaca obras independentes que dialogam com a psique humana 

Publicado em:
12/05/2025
Sessão de debate na Sala de Cinema com projeção da tela ao fundo exibindo os dizeres "Centro Cultural Justiça Federal e Coletivo Luar apresentam: luar mostra cineastas". Quatro pessoas estão sentadas à frente do público, participando de uma mesa de conversa. A plateia, composta por diversas pessoas, assiste atentamente.
Público participa do bate-papo com cineastas independentes que exibiram curta-metragens na Luar Mostra Cineastas, no Cinema do CCJF

Se pudessem ser enumeradas, foram três as principais razões que culminaram na realização da Mostra Luar Cineastas, que ocupou o Cinema do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) durante o mês de abril entre os dias 5 e 26: a carência de espaços para exibição de filmes de curta-metragem, a necessidade de dar palco a obras independentes cuja temática reflete sobre os desafios dos dias de hoje, e, não menos importante, a união de artistas que produzem arte de forma corajosa e atrevida. Ao todo, foram quatro sábados, totalizando 13 exibições de curtas — três a cada encontro —, além de Ensaio sobre a vida, uma produção do Coletivo Luar, idealizador do projeto. 

Jesus Borges, ator e um dos produtores do coletivo, conta que o desejo de fazer a mostra de cinema acontecer expandiu-se para além da vontade de difundir tão somente o curta-metragem próprio do grupo. O mais interessante foi agregar outros trabalhos, pré-selecionados por meio de inscrições de cineastas independentes — o que deu uma dimensão maior ao projeto. “Recebemos inúmeras inscrições, e isso é muito rico, isso prova que o nosso cinema está vivo, que os artistas estão produzindo. Existe uma carência gigante de espaço para exibição de filmes nesse formato curto, a indicativa é dar palco para obras independentes, de artistas que se atrevem”, ressalta.

Com o novo formato criado, cada apresentação se tornou única, trazendo um ótimo público para a sala de cinema do CCJF. “Cada nova sessão foi marcada pelo ineditismo, com novos filmes sendo exibidos, com exceção do nosso curta Ensaios sobre a vida, que ficou em exibição do início ao fim da mostra”, conta Borges. Além do ineditismo das obras, após as exibições, o público era convidado a debater o tema do curta com os diretores(as) dos filmes, permitindo uma interação maior da plateia e uma reflexão mais aprofundada dos curtas-metragens. Essa rica troca, segundo Borges, fez com que as pessoas conseguissem imergir nos processos, ouvir “os fazedores de cultura” contarem suas experiências, e, além disso, saber detalhes sobre os bastidores das gravações. “Isso deixa o público ainda mais imbuído das histórias que acabaram de assistir. Essa troca é muito valiosa”, comenta o ator. 

Sobre as histórias dos filmes exibidos, pode-se dizer que eles têm algo em comum quanto ao tema principal. São obras que conversam diretamente com a psique humana, entre elas temas que abordam o luto, o machismo, a recriminação, doenças não orgânicas e acolhimento. O tema é mais necessário do que nunca, conforme destaca o produtor, já que hoje se vive em uma época acelerada, na qual o excesso, de forma geral, têm potencializado a ansiedade e inúmeros distúrbios mentais nas pessoas. “O excesso pode estar escondendo uma falta, estamos perdendo a capacidade de simbolizar na era das imagens, e talvez, não seja por acaso a grande quantidade de adoecimentos psíquicos”, pontua Borges. 

Segundo ele, a mostra consegue reunir obras que abordam e tocam o inconsciente, deslocando impulsos reprimidos e ajudando a elaborar questões complexas do ser. “Os artistas, quando produzem suas obras, estão sublimando suas angústias, desejos, dores, medos, transformando em algo bom para a sociedade. O público que assiste desloca o que está reprimido no inconsciente trazendo à luz da consciência, e assim, se vêem no espelho, se escutam”, resume, ao dizer que a proposta foi trazer filmes que conversem com esse grito interno coletivo. Pode-se dizer que essa intenção virou realidade e foi alcançada, com louvor.