Pular para o conteúdo principal
NewsletterLogomarca VITRAL CULTURAL

Não gosto de redes sociais! E agora?!

Por Eliz Brito, atriz e escritora.
Publicado em:
10/09/2025
Foto de uma mulher branca com cabelos presos, castanhos. Ela sorri levemente e segura um óculos de grau preto com azul e uma das mãos. Usa blusa sem mangas de tricô cinza escuro com gola alta.

"Talvez o que mais nos angustia não seja o trabalho de postar, e sim o desespero por se tornar conhecido. É preciso, antes, fazer um trabalho que te nutre; o sucesso, se vier, veio."

Se você é uma daquelas pessoas que torcem o nariz para as redes sociais, mas ainda assim precisa divulgar seu trabalho, tenho uma boa notícia: existe um caminho! 

A internet revolucionou a forma como acessamos e promovemos conteúdos e produtos. Plataformas como YouTube e canais de streaming democratizaram a comunicação, tornando muito mais fácil para nós, seres comuns e nada celebridades, promovermos nosso trabalho. Essa transformação abriu portas para que projetos culturais independentes florescessem. Então, bastam apenas um computador, ou celular, nas mãos e ideias na cuca! Não, infelizmente, não. 

Há algo mais precioso: o seu TEMPO! Para se divulgar nas redes sociais é preciso tempo, paciência, vontade, disposição... A aparente simplicidade de "apenas apertar os botões" esconde uma realidade complexa: é necessário aprender sobre algoritmos, horários de postagem, engajamento, criação de thumbnails, edição de áudio e vídeo, além de manter uma consistência mentalmente exaustiva. 

O tempo se torna o recurso mais escasso. Enquanto a tecnologia democratizou o acesso às ferramentas, ela criou uma competição feroz pela atenção do público. É preciso equilibrar criação artística com marketing digital, dedicando mais horas à promoção do que à própria criação. É necessária uma constante alimentação do tal algoritmo. Não basta criar conteúdo excelente; é preciso manter o público engajado com postagens regulares, stories, interações e adaptação às mudanças constantes do App, e mais um tanto de trem lá que nem sei o nome. 

Para muitos escritores, essa pressão por produção contínua pode comprometer a qualidade do conteúdo, criando um paradoxo: quanto mais tentam alcançar pessoas através das redes, menos tempo têm para criar o conteúdo cultural que realmente desejam compartilhar. Como vou pensar nas cores do cerrado goiano ao entardecer, se preciso contar quantos seguidores curtiram o post do meu único livro?! 

Calma, talvez exista um caminho para usarmos as redes sociais sem que tenhamos uma síncope. Vamos ceder! "O homem é um animal social", como já dizia o Tóti! Precisamos fazer propaganda dos nossos trabalhos... O ovo da pata é mais nutritivo do que o da galinha, no entanto, consumimos mais o da galinha, porque ela faz propaganda: có-có-có... Sejamos todos "galinhas" então? Não, nem tanto! Isso dá ansiedade. Dá para se promover respeitando o seu querer. Talvez o caminho seja não almejar o sucesso antes da produção.

Talvez o que mais nos angustia não seja o trabalho de postar, e sim o desespero por se tornar conhecido. É preciso, antes, fazer um trabalho que te nutre; o sucesso, se vier, veio. Foi isso que aprendi com o nosso podcast "Escritoras Mundialmente (des)Conhecidas (EMd)". Nosso primeiro objetivo nunca foi o holofote, e sim promover a literatura brasileira e dar visibilidade a escritoras globalmente desconhecidas. O EMd é pequeno, mas muito nutritivo. Seu próprio nome já nos protege da ansiedade de sermos conhecidas. Podemos existir, mesmo tendo poucos seguidores. Estamos no "ar" há mais de um ano, sem taquicardia! 

Então, sejamos “patas”! 

Sobre a autora: Eliz Brito é graduada em Letras e Literatura pela Universidade Federal do Mato Grosso. Atriz pela Escola de Atores Wolf Maya (São Paulo-SP), estudante de Psicologia pela Universidade Santa Úrsula. Participa como dramaturga do Projeto VestibaEncena, de Curitiba - PR, desde 2008. A peça O Pulo, de sua autoria, venceu vários editais culturais, como o X-Tudo - Sesi - RJ, Edital Vertentes Culturais de Macaé - RJ e Edital Cultural da Funarte - RJ, em 2017. Em 2022, Eliz publicou seu primeiro romance: Curiango: Amanhã eu vou. Atualmente, em parceria com a jornalista Marcelle Azeredo, apresenta o podcast: Escritoras Mundialmente (des)Conhecidas, disponível no Youtube. 

Instagram: @elizbritobelther/@escritorasdesconhecidas 
e-mail: elizbrito70@gmail.com /escritorasdesconhecidas@gmail.com