Durante o mês de setembro, o palco do Teatro do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) foi um dos locais  da temporada de despedida do espetáculo A Descoberta das Américas, um monólogo estrelado pelo ator Júlio Adrião e dirigido por Alessandra Vannucci.

A atuação de Júlio é marcada por uma alternância de vozes e gestos, enquanto interpreta o protagonista Johan Padan, um homem simples que, após escapar da fogueira da Inquisição, acaba atravessando o Atlântico rumo ao Novo Mundo. Sua trajetória é marcada por naufrágios, escravidão e adaptação forçada, até que, aos poucos, aprende a língua dos nativos, conquista a confiança deles e chega a ser visto como líder e “milagreiro”. 

Com uma sonoplastia recheada de onomatopeias criadas pelo próprio ator em cena, a peça arrancou gargalhadas e manteve a plateia atenta do início ao fim. Cada movimento e cada som produzido por Julio pareciam criar cenários inteiros diante do público, como o mar agitado, os confrontos entre os nativos e os estrangeiros, e até as aldeias indígenas.

A adaptação do texto do dramaturgo e comediante italiano Dario Fo ganha vida nesse espetáculo, que transforma a violência e o absurdo da colonização em cenas que fazem rir, mas também convidam à reflexão. 

A temporada de despedida de A Descoberta das Américas no CCJF foi recebida com entusiasmo, depois de quase duas décadas em circulação. O espetáculo  encerrou seu ciclo no Rio de Janeiro deixando no público uma vontade de contar com mais um temporada de longos anos. 

O ator e produtor Julio Adrião compartilhou que decidir fazer essa despedida foi uma ótima decisão, já que reacendeu o desejo do público de encontrá-los, além de ter gerado um bom retorno à equipe pois contou com várias sessões quase lotadas.  “Apostar nessa temporada de despedida foi a decisão mais acertada possível, pois, com ingressos a custo acessível, geramos uma receita suficiente para compensar os esforços e dedicação de nossa equipe, bem como reacendemos o desejo do público de vir nos encontrar, além de alavancar uma continuidade desse processo de despedida”, declarou.

A atriz Manoela Prado, que é uma grande fã do espetáculo, contou como se sentiu impactada ao assistir a peça mais uma vez. “É sempre um privilégio testemunhar essa entrega em cena. Ao sair do teatro, fica a sensação de ter sido atravessado por algo maior. A performance não apenas narra, mas convida”, compartilhou Manoela.