
Cinema gratuito a céu aberto na Cinelândia, com presença especial, encanta o público
Sabe um projeto idealizado com muita paixão e vontade de fazer acontecer? Uma iniciativa que juntou vários envolvidos com o objetivo de retomar um importante espaço histórico cultural e incentivar o acesso à cultura para todos, principalmente para aqueles que não tem a possibilidade de usufruí-la por falta de recursos? Esse é o CineLândia - Cinema na Rua, fruto de uma realização do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), da Banca do André e da Associação dos Servidores Públicos da ANCINE (ASPAC) — com apoio do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro —, que teve a 1ª edição no último dia 26 de setembro, exibindo em um telão ao ar livre na Rua Pedro Lessa o filme Um Lobo entre os Cisnes, de Marcos Schechtman e Helena Varvaki. O longa-metragem narra a história real do bailarino brasileiro Thiago Soares, que trocou o hip hop de um subúrbio carioca pela disciplina do balé clássico, tornando-se um sucesso internacional ao se tornar o primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres.
Com uma estrutura de cerca de 200 lugares, a estreia começou com uma breve apresentação dos envolvidos no projeto, entre eles: Dr. Theophilo Miguel, diretor-geral do CCJF, André, da Banca do André, Ricardo Horta, diretor-executivo do CCJF e Alexandre Muniz, representante da ASPAC. Após o filme, que emocionou o público e os organizadores de forma genuína, a plateia, envolvida e atenta, pôde ouvir o bailarino Thiago Soares, que prestigiou a sessão de cinema e ficou muito feliz e emocionado com a receptividade do público que conheceu um pouco da sua história de vida. O artista reforçou a ideia de inclusão e a importância de políticas públicas como a do CineLândia - Cinema na Rua, além de elogiar a ação e parabenizar todos que a tornaram realidade. “O mundo do balé clássico é um mundo dos grandes teatros de tapete vermelho, um mundo do erudito, do luxo, do sonho incansável, mas esse mundo só faz sentido se ele tiver uma conexão real com asfalto, com as pessoas, com a vida como ela é e com a sociedade”, pontuou o artista. Para ele, essa conexão entre o glamour, a inspiração, a potência de uma mentoria e a realidade, nua e crua, é a tônica do filme — e o que o faz tão especial, premiado inclusive no 29º Inffinito Brazilian Film Festival (2025), em Miami, e no Festival Cine Ceará 2024. “Esse projeto dá acesso, cria um diálogo público; é política pública. Precisamos de mais projetos de política pública em que a gente possa dividir as nossas históricas, se reconhecer e seguir sonhando”, destaca.
O encontro ainda abriu espaço para que os espectadores interagissem fazendo perguntas ao bailarino. Sobre como ele enxerga o papel de ser inspiração para muitas pessoas que lutam todos os dias para terem sucesso na carreira ou apenas conseguir se sentir valorizado em uma profissão (e na vida), ele pontua: “uma das coisas mais emocionantes que tem acontecido é que recebo muitas mensagens de pessoas que assistem o filme e dizem que a história delas é muito parecida com a minha, ‘eu me reconheço em lugares da sua jornada’. Eu era um menino rebelde, mas sempre com boas intenções. Por ter tido o privilégio de ser educado dentro das artes, dentro da cultura, tive a oportunidade de me transformar, de descobrir ou buscar sempre minha melhor versão. Com o Dino, meu mentor, descobri o que era amor incondicional, descobri sobre relação, o quão potente ela pode ser quando a gente se permite conhecer algo que talvez a gente não tivesse oportunidade de se abrir e saber em quem a gente pode se transformar. O sentido de mentoria que esse filme tem é de nos fazer acreditar que é possível chegar lá”, conta Thiago.
A proposta é que o projeto, Cinelândia - Cinema na Rua, tenha exibições mensais, sempre gratuitas, com preferência para filmes brasileiros com legendas em português, sendo acessível aos deficientes auditivos. A ideia é incentivar o acesso à cultura, direito fundamental e universal, para um público que, por vezes, não tem a oportunidade de usufruí-la por falta de recursos. É de extrema importância que projetos como esse ganhem cada vez mais espaço, já que a Cinelândia é um território vivo de arte e cultura!