Cine Drag: a arte de contar e colorir histórias
No dia 18 de agosto, no Teatro do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), admiradores do cinema o experimentaram de um novo ângulo, com um enquadramento peculiar e com cores, digamos, mais vivas e brilhantes. Os espectadores do Cine Drag foram convidados a enxergar a sétima arte com as lentes de uma outra arte, a Drag.
Depois do sucesso da sua 1ª edição, o Cine Drag voltou ao palco do Teatro do CCJF para, mais uma vez, surpreender e arrancar sorrisos do público. Não é todo dia que um espaço é tomado por perucas ousadas, maquiagens dramáticas e roupas exageradas, fazendo com que o espaço seja preenchido por muita curiosidade, admiração e animação.
Misturando cinema com performances musicais, o idealizador do projeto, Heduardo Carvalho — ou, Dudakoo, como é conhecido— prometeu um show e entregou um verdadeiro espetáculo. Dividido em atos, o evento traz um panorama do cinema queer ao redor do mundo, desde seu início, até os dias atuais, em uma homenagem sincera dos filmes que compõem a história da comunidade LGBTQIAPN+. Ao final de cada ato, as drags dominavam o palco e se apresentavam com muita dramaticidade e humor. Contando um pouco da história da comunidade, os atos seguiram uma certa linearidade. O primeiro foi sobre o começo do cinema queer, seguido por outro que abordava o cinema ao redor do mundo, depois, a abordagem era mostrar obras cinematográficas brasileiras — com uma marcante releitura da música Cálice , de Chico Buarque e Milton Nascimento — e, por fim, o cinema queer contemporâneo.
A produção de Dudakoo! e Cútis Negra também contou com as Drags convidadas Chanel, Dricca, Lua Drag, Melânica, Conga Bombréia, Ohana Azalee, Ramonna d' Quinta, Samara Rios, Etvalde e Vitilda. Durante o espetáculo foram feitos sorteios de alguns livros de editoras parceiras do Cine Drag.
Heduardo Carvalho relata que o Cine Drag Show foi, nas duas vezes, uma experiência inexplicável. “Em uma realidade cultural em que produzir arte é tão complicado e ainda mais quando se fala de espaço para pessoas LGBTQIA+ e produções grandes para drag queens, ter o Centro Cultural Justiça Federal lotado nas duas edições foi muito especial.” Aos poucos, a arte Drag vai contando histórias que, até hoje, poucos ousam ouvir, histórias de uma comunidade que luta incansavelmente por seu lugar na sociedade e colore esse mundo, ainda tão preto e branco.