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CCJF celebra a obra de Ágota Kristóf em roda de conversa com leitores e escritores

Publicado em:
08/08/2025
A imagem mostra sete pessoas reunidas em uma sala com piso de madeira e portas altas de madeira ao fundo, durante um encontro em homenagem à escritora suíça-húngara Agota Kristof. Seis delas estão em pé, sorrindo, enquanto uma posa de forma descontraída sentada à frente. Duas mulheres seguram livros — um deles, com o nome da autora em destaque. O clima é acolhedor e celebra a literatura e a memória da homenageada.

No dia 5 de julho, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) dedicou a tarde de um sábado nublado para homenagear uma das mais importantes escritoras europeias do século XX. Ágota Kristóf foi celebrada em uma sala cheia de mentes instigadas por suas palavras e sua própria história. O bate-papo foi mediado pela finalista do Prêmio Jabuti 2024, a escritora Adriana Vieira Lomar, juntamente com o editor da Dublinense, Gustavo Faraon.

Ainda um tanto inédita aos leitores brasileiros, a autora suíça-húngara explora em suas obras temáticas relacionadas à guerra, ao exílio e à perda de identidade, escritas com a frieza de quem relata com palavras impressas um trauma que extrapola as páginas de cada um de seus livros. Mas, ao contrário de sua escrita, o encontro foi regado de um sentimentalismo à brasileira, em que, mesmo os que nunca haviam testemunhado os escritos de Ágota, foram profundamente tocados por sua linguagem.

A escritora e jornalista Marcelle Azeredo é um desses exemplos que, mesmo sem conhecer a obra da escritora, saiu do encontro muito impressionada com a sua linguagem crua e cheia de camadas. “Ágota vai além do absurdo e nos faz questionar o tempo inteiro: o que é necessário para sobreviver a uma guerra? Os personagens de Ágota falam muito de não pertencimento, é um verdadeiro atropelamento literário”, relatou Marcelle.

O encontro permeou a vida e a obra de Ágota Kristóf, evidenciando-a como referência a escritores e intelectuais, como o cineasta italiano Sílvio Soldini. Além de expor o processo de redescoberta de suas obras anos depois, ainda com uma narrativa do pós-guerra estranhamente atual. Ao final, houve o sorteio da Trilogia dos Gêmeos, a mais conhecida obra da escritora.

Adriana Lomar, mediadora da conversa, dividiu um pouco de sua admiração por Ágota Kristóf, apontando a transmissão do evento como um alicerce para a divulgação, não apenas de rodas de conversa como essa, mas principalmente das obras da escritora. “Muito bom ter ficado gravado pela plataforma do YouTube, proporcionando a todos a experiência de conhecer a obra dessa escritora sensacional. Recebi alguns retornos e isso me gratificou bastante, inclusive fora do país”, concluiu a escritora.

O encontro foi a prova de que, mesmo anos após sua última publicação, Ágota Kristóf segue emocionando e cativando onde suas palavras encontram espaço. E que, embora sua escrita venha de um tempo passado, as emoções que a escritora desperta ainda ardem como um fogo vivo em cada um que ousa entrelaçar sua história com as linhas escritas por ela.