
palestrante
Dirce Solis
mediador
Diogo Bogéa
Gratuito
Sinopse
Na segunda edição do evento Disseminário: Desconstrução, Psicanálise e Literatura: estranhas familiaridades, o organizador do evento, Prof. Diogo Bogéa, recebe como convidada a professora titular da UERJ Dirce Solis para a palestra “Espectros e monstros inumanos: Jean Genet em Glas de Derrida”.
“Disseminário” não um é “seminário” tradicional. E sim uma certa “disseminação” de significações, relações e diferenças, como dizia o pensador Jacques Derrida, cuja obra é mundialmente reconhecida como “Desconstrução”.
Uma das primeiras a trabalhar a obra de Derrida na área de Filosofia no Brasil, autora de diversos livros e artigos que são grandes referências para os estudiosos do pensamento de Derrida, Dirce Solis irá explorar em sua palestra temas da Desconstrução em articulação com a obra do escritor Jean Genet.
Jean Genet foi um escritor “maldito”: um dos autores mais controversos e intensos do século XX, figura marcada pela marginalidade e pela genialidade literária. Abandonado na infância, homossexual declarado numa época repleta de preconceitos, condenado por pequenos crimes que o levaram repetidas vezes ao reformatório na juventude e à prisão na vida adulta, transformou sua experiência de exclusão em uma literatura profundamente transgressora. Sua obra, que abrange poesia, teatro e romance, sacraliza o estigma e confronta violentamente os valores da moral burguesa.
Nas palavras de Dirce Solis: “Considerando a prisão dos romances de Genet, trata-se de ‘espectralidades’ que oscilam entre o visível e o invisível, entre o inteligível e o sensível, entre o aceitável e inaceitável, o dentro e o fora, a inclusão e a transgressão, considerando aí a área limítrofe; mas espectros, consideremos, são sempre reais. Em ‘Diário de um Ladrão’ e ‘Nossa Senhora das Flores’, dois romances que têm muito de autobiográficos, Genet nos dá a dimensão desconstruída de personagens que são monstros inumanos, como todos nós*. Romanceando sua passagem pela prisão, Genet traz personagens em sua maioria inventados, mas inspirados em sua convivência na vida transgressora”.
O pensamento da Desconstrução coloca em evidência justamente as ambiguidades e ambivalências, as dimensões estranhas e inquietantes que escapam às expectativas de controle e enquadramento da “razão”. O texto Glas de Derrida é um “texto instigante e pouco acadêmico apresentado em duas colunas — coluna Hegel e coluna Jean Genet — duas faces da mesma moeda, com inscrições que se relacionam, mas que se auto independem. Para os interesses de nossa abordagem aqui, iremos nos ater à coluna Genet. (...) Derrida coloca de forma textual bastante assimétrica, na coluna à esquerda Hegel e na coluna à direita Genet, conclamando para o “dobre de finados” (Glas) de todas as certezas logocêntricas morais, políticas, metafísicas e semânticas”.
Haverá sorteio de livros e espaço para perguntas.
*como todos nós – no caso em tela, refere-se àquela “monstruosa” de todos nós, que não quer dizer necessariamente “ruim”: são nossos desejos e fantasias mais profundos, nossa singularidade (que não cabe em nenhum padrão social estabelecido).
Esse evento faz parte do Rio Capital Mundial do Livro.
Conteúdo Programático
- Conexões entre a obra literária de Jean Genet e o pensamento da Desconstrução desenvolvido por Jacques Derrida;
- A noção de espectralidade tal como desenvolvida por Derrida;
- Literatura e Desconstrução;
- Em Diário de um Ladrão (1986) temos a questão do duplo: “Genet falando sem intermediários dele próprio; Genet como narrador trazendo a força do personagem Stilitano, com poder sobre Genet e as mulheres do Barrio Chino”;
- Já em Nossa Senhora das Flores, Genet “explora a história de vida e morte de um travesti de nome Divine cuja paixão se volta para um cafetão e ladrão, Mignon. Divine é ornada com flores por Genet. Ela é um fantasma da imaginação. Divine é espectral. Definida pela perversão do autor, ela é o fantasma na vertente imaginária do outro, duplo de si mesmo”
Minibio
Dirce Solis é professora titular de Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Coordenadora do Laboratório de Licenciatura e Pesquisa sobre o Ensino de Filosofia da UERJ. Autora do livro “Desconstrução e Arquitetura: uma abordagem a partir de Jacques Derrida” (2009), além de dezenas de artigos e capítulos de livro que são referências fundamentais para os estudos da Desconstrução no Brasil. É coordenadora do Grupo de Trabalho da ANPOF “Filosofia Contemporânea de Expressão Francesa”; líder do Grupo de Pesquisa do CNPQ “Filosofia Contemporânea: questões ético-políticas, estéticas e epistemológicas”. Juntamente com Fernando Freitas Fuão, líder do grupo de pesquisa do CNPQ “Arquitetura, Derrida e Aproximações”.
Diogo Bogéa é professor de Filosofia e Psicanálise na Faculdade de Educação da UERJ. Professor- pesquisador do programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ. Escritor autor dos livros “Inteligência Artificial e Filosofia – dilemas de um futuro incerto”, “O mito da razão e os pensadores do desejo” e do best-seller “Psicologia do Bolsonarismo”. Coordenador do grupo Pensadores do Desejo e das Redes.
Realização
UERJ: PENDERE – Pensadores do Desejo e das Redes, grupo de pesquisa e extensão da UERJ; ProPEd: Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ.