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Cinema experimental: como o incentivo a novos formatos de produção e exibição podem estimular o audiovisual e a cultura?

Por Daniel Diaz, Diretor, Coordenador Geral, Curador e Produtor do Festival ECRÃ.
Publicado em:
08/08/2025
A imagem mostra Daniel Diaz, Diretor, Coordenador Geral, Curador e Produtor do Festival ECRÃ. Ele aparece sorridente, com expressão simpática, enquanto manuseia um microscópio branco em um ambiente com iluminação colorida. A cena sugere uma atmosfera descontraída e criativa, alinhada ao espírito inovador do festival que promove a interseção entre arte e tecnologia.

O Festival ECRÃ é uma prova viva de como a relação entre meio, produção e realização é possível e concreta.

O evento abarca uma gama diversa e extensa do que o mundo tem a oferecer em arte experimental, exibindo obras nas categorias de Filmes, Games, Instalações e Videoartes. Além disso, oferece atividades como bate-papo com realizadores das obras, oficinas e palestras sobre o tema. Dentro da categoria de filmes, proporcionamos ao nosso público a oportunidade de conhecer uma produção que vai além do que costumamos ver em salas de cinema e plataformas de streaming, por exemplo.

Ao nos depararmos com outras possibilidades de fazer e ver cinema, abrimos um leque para novas ferramentas e formatos de trabalho com a imagem em movimento — o que estimula tanto aspirantes na área quanto artistas com anos de estrada a experimentarem mais em sua jornada. Percebemos, então, que o artista conta com diversas maneiras de comunicar aquilo que deseja por meio de sua obra. É nesse ponto que sair do padrão e da norma — experimentar — ganha força e contribui para o crescimento e a diferenciação da cultura.

Às vezes nos sentimos presos no processo de criação e impelidos a imitar o que estamos acostumados a ver, o que até certo ponto não é um problema. Mas há, também, questões técnicas e financeiras no caminho. O Cinema Experimental é uma forma de cinema que explora formas, meios, valores e ideias que estão aí para serem usados — e que muitas vezes estão mais ao nosso alcance do que uma produção “formal” da área audiovisual.

Um pouco de contexto e história.

Imagine que o Cinema Experimental é um elástico que se estende do princípio da história do cinema até um futuro indefinido. Antes das salas de cinema e a experiência cinematográfica serem como são atualmente, com tela, projeção, cadeiras; houve tentativas e erros, soluções criativas e sociais para se chegar ao que temos hoje. No Festival ECRÃ, algumas instalações exploram essas formas criativas de assistir a um vídeo. Os Filmes e Videoartes investigam formas de estruturar a narrativa — algumas delas, inclusive, inspiradas no cinema antigo, como planos mais estáticos e o uso de câmeras analógicas. Já o citado “futuro indefinido” também pode ser encontrado nas ferramentas de captura e exibição do material audiovisual: câmeras que misturam uma lente antiga a um corpo moderno, óculos de Realidade Virtual (VR), celulares que projetam etc.

Nem todas as máquinas estão ao nosso alcance, mas o audiovisual experimental vai além do vídeo e do som. Ele explora sombra, luz, projeção — o puro sentido do olhar e do sentir. Onde queremos chegar com isso? Na percepção de que o experimental na arte está também em trabalhar com o que se tem à mão e moldar as imagens e a luz para transmitir aquilo que se deseja. Por isso, não se trave por falta de verba ou dos meios ideais — experimente!

Com o que foi dito, pode-se inferir que não há limites em relação aos formatos do audiovisual — da captura e produção, passando pelo tratamento e edição, até sua mostra e exibição. Acreditamos que, ao acessar novos formatos ou resgatar antigos, ampliamos as possibilidades de fazer e mostrar uma obra audiovisual, contribuindo para a difusão e o estímulo à criação. O Festival ECRÃ é justamente um evento onde se pode ver e discutir sobre a arte experimental e, assim, levar estes aprendizados para a própria prática artística.