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Ancestralidade e Memória: vozes que o tempo não conseguiu calar

Publicado em:
10/07/2025
Grupo participa de roda de conversa na Sala de Cursos com piso de madeira e prateleiras ao fundo. Duas pessoas conduzem o diálogo sentadas à frente, enquanto participantes escutam em semicírculo. O ambiente é acolhedor, com luz suave e mobiliário em madeira. Há materiais sobre a mesa, como livros e papéis.

No dia 28 de junho, a Sala de Leitura do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) abriu suas portas para o bate papo Ancestralidade e Memória no livro “Ébano sobre os canaviais, com a escritora Adriana Vieira Lomar e Rachel Quintiliano, colunista da Revista Raça. O encontro foi pautado na discussão do livro Ébano sobre os canaviais, de Adriana, ganhador do prêmio Kindle e semifinalista do Jabuti 2024.

O livro conta a história de uma vida sem passado, uma narrativa similar à de muitas famílias que tiveram suas ancestralidades apagadas pelo racismo. A conversa começou com a discussão dos bastidores da história escrita por Adriana, mas isso foi apenas o pontapé inicial de um papo que extrapolou todas as páginas da obra. O encontro se transformou em uma grande troca de experiências que, por muito tempo, foram anuladas pela sociedade e que apresentam uma única justificativa para a sua invisibilidade: o privilégio branco como presença que persiste e molda o racismo estrutural.

Para Marcelle Azeredo, escritora e jornalista, mais do que conhecer os bastidores da escrita de Ébano sobre os canaviais, o encontro proporcionou trocas sobre a ancestralidade de cada participante e, ainda, a surpresa de que muitas pessoas não possuem registros dos antepassados.

“Repensar o Brasil é recobrar a história tendo por base a memória negada”, pontuou Adriana. “Ancestralidade e memória em Ébano sobre os canaviais reverbera no dia a dia de todos aqueles que desejam repensar o Brasil”, concluiu a escritora. Proporcionar um lugar de fala é um dever da sociedade que, infelizmente, está muito longe de ser cumprido. E é a partir de encontros como esse que narrativas apagadas podem ser contadas e, principalmente, ouvidas.

Ébano sobre os canaviais conta uma história que teve seus capítulos e palavras quase esquecidos, mas que, com muita luta e conhecimento, pôde reverberar muitas outras.