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Trans Cineclube: narrar para existir, exibir para resistir

Publicado em:
10/07/2025
Público acompanha a abertura da 2ª edição do Trans Cineclube no Cinema. Duas pessoas falam ao microfone diante de uma tela que exibe o nome do evento e os logos dos apoiadores. A plateia, diversa e atenta, ocupa as poltronas acolchoadas. O ambiente é intimista, com iluminação suave e foco na projeção, destacando a importância do evento para a visibilidade e representatividade trans no audiovisual.

Nos dias 13 e 20 de junho, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) recebeu o Trans Cineclube, atração que fez parte do II Festival Identidade em Cena. O projeto contou com a exibição de curta-metragens, debates, rodas de conversa, apresentações artísticas e sessões de acolhimento psicológico. O evento priorizou a escolha de filmes que tinham em sua produção ou elenco pessoas travestis e transexuais como protagonistas.

Do conteúdo dos encontros, palavras talvez não sejam suficientes para expressar os sentimentos transmitidos em cada momento. Nos dois dias foram exibidas obras que roteirizam realidades. Foram expostas histórias que muito bem poderiam ser similares às de quem estava na plateia. As sessões de acolhimento psicológico, realizadas pela psicóloga Céu Pozzali, aconteceram no começo dos encontros. O atendimento era justamente para aqueles que precisavam atenuar a violência psicológica que sofrem diariamente.

No dia 13, ocorreu o coquetel de lançamento da 2º temporada de Trans CineClube, a 1ª que aconteceu no CCJF. Wescla Vasconcelos, curadora do evento, apresentou o projeto e agradeceu a todos que fizeram parte da iniciativa, além dos demais presentes. A exibição de cada filme era seguida de apresentações artísticas de pessoas trans convidadas, acompanhadas de debates sobre a obra que havia sido transmitida. Wescla dividiu a emoção e a enorme responsabilidade que é pesquisar, exibir e projetar os filmes de cineastas trans brasileiros, descrevendo o Trans Cineclube como “a realização de um sonho coletivo e cheio de potência, em cada sessão”.

Manoela Menandro, diretora de produção, comentou, com propriedade, sobre a capacidade e vontade da comunidade LGBTQIAPN+ ser agente de transformação da sociedade. “Como uma trabalhadora trans, minha presença é uma afirmação. Ser uma pessoa trans e/ou uma travesti não limita minha habilidade ou talento; pelo contrário, é uma das minhas maiores fontes de inspiração e força”. Ao falar sobre as poucas oportunidades que tem no mercado, compartilhou que é justamente a sua capacidade de enfrentar os desafios a chave para o sucesso de qualquer projeto que se envolva. “Eu quero ser agente de transformação por onde eu passar. E é por isso que eu acredito em projetos como o Trans Cineclube”, concluiu.

O projeto é feito por e para travestis e transexuais, pessoas que mais do que ninguém, entendem a dor e o sofrimento manifestados por meio do preconceito, sentidos na pele. Não se trata apenas de exibições de filmes, é sobre dividir, trocar histórias e experiências de vida — muito mais comuns do que se imagina.

Os encontros do Trans Cineclube ocorrerão mensalmente no Cinema do CCJF, não deixe de embarcar nessas narrativas que passam longe da ficção e que precisam ser reverberadas.