Durante o mês de junho, o espetáculo Expurgo, que fez parte do II Festival Identidade em Cena, ocupou o teatro do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF). O monólogo, escrito e protagonizado por Ari Areia e dirigido por Cícera Vieira, conta uma história impactante sobre sexualidade e rejeição.
Enquanto passa um café, o protagonista conta sua própria história e destaca três coisas que as pessoas não sabem sobre ele. Ari, o personagem, relata as dificuldades de ter a orientação sexual aceita por sua família conservadora e como as pressões religiosas afetaram a relação entre ele e seus pais, que o expulsaram de casa após dizer que era gay. Protagonizando uma cena impactante, Ari mostra, em forma de arte, como a rejeição pode ser traumatizante para uma pessoa LGBTQIAPN+, relacionando esse momento à memórias afetivas — como as palavras ouvidas e o cheiro forte de café que preencheram o ambiente durante esse acontecimento.
Após viver momentos marcantes, o personagem mostra como foi sua reconciliação com sua mãe e ressalta a importância de um abraço. Foi nesse momento que a interação com o público se fez presente: o personagem ofereceu abraços e deixou mensagens de esperança, enfatizando a importância de histórias como as dele serem ouvidas.
A LGBTfobia é uma realidade presente na vida de muitas pessoas, que, infelizmente, precisam encontrar formas de lidar com o preconceito sofrido — muitas das vezes dentro de seus próprios lares. Ao contrário do que ocorre no relato, algumas feridas são tão difíceis de superar que impedem qualquer possibilidade de reconciliação familiar.
Ao comentar sobre a temporada de Expurgo no CCJF, o ator Ari Areia ressalta o quão especial foi se apresentar no Teatro do Centro Cultural. “Foi muito especial levar nosso trabalho ao palco do CCJF, no coração da cidade, um espaço que dialoga com um público muito interessante de colegas da cena teatral, mas, principalmente, de trabalhadores que circulam pela Cinelândia. Uma alegria estar nessa casa histórica que guarda capítulos tão importantes da memória do Poder Judiciário brasileiro”, declarou.