No final de junho, as galerias do 2º andar do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) foram lindamente ocupadas pela mostra Gabinete Selarón de Curiosidades - os Degraus para a Gestão Compartilhada da Escadaria Selarón, exposição que homenageia o multifacetado artista chileno Jorge Selarón, cuja obra transformou a Escadaria Selarón em um dos pontos mais visitados e conhecidos do Rio de Janeiro. A exposição, que fica no CCJF até dia 10 de agosto, reconhece e reforça a relevância da arte e cultura latino-americanas, destacando a memória de um artista símbolo para a arte contemporânea.
De Valparaíso do Chile para o Rio de Janeiro, as pinturas de Jorge Selarón
Nas paredes das galerias, quadros cheios de personalidade e vida, características de um artista único conhecido na cidade do Rio de Janeiro pela sua obra máxima: a Escadaria Selarón, localizada na Lapa, que virou ícone turístico e patrimônio cultural. A mostra Gabinete Selarón de Curiosidades, realizada pela Liga Independente dos Guias de Turismo do Rio de Janeiro (LiGuia-RJ), reúne 370 pinturas — além de fotografias, rascunhos e azulejos, revelando o olhar cosmopolita do artista chileno Jorge Selarón que transformou os 215 degraus da escada do Convento de Santa Teresa em um mosaico vivo, com 4.994 azulejos de 165 países.
São cinco galerias com obras de Selarón — que depois de viajar mais de 50 países, escolheu o Brasil como casa —, retratando a paixão do artista pela Cidade Maravilhosa, com reproduções autênticas da Cinelândia, da Lapa e da Central do Brasil, por exemplo, além das famosas mulheres grávidas — uma das personagens mais retratadas pelo artista em suas milhares de obras —, paisagens e autorretratos que mostram o amor de Selarón pelo Rio e pela arte contemporânea. O projeto convida o público a pensar formas colaborativas de cuidar da escadaria, ampliando o conceito de gabinete de curiosidades e reconhecendo seu valor como espaço de memória, diversidade e expressão coletiva.
A abertura da exposição contou com a presença do diretor-geral do CCJF, Dr. Theophilo Miguel, do cônsul do Chile no Rio de Janeiro, Carlos Javier Marin, dos curadores Andre Angulo, Marcelo Esteves, Ceci Maciel, Ester Galleguillos, Guilherme Guimarães e Gerardo Millone, além de outros convidados e público. Dr. Theophilo Miguel destacou a importância do artista, “um visionário, sonhador incansável que encontrou nos azulejos e nas cores uma linguagem para expressar sua obra e se conectar com o povo.” Para ele, a Escadaria Selarón é símbolo de criatividade, diversidade e união entre culturas. “É uma mostra viva do profundo laço afetivo entre Chile e Brasil. Essa exposição não só celebra seu legado artístico, mas também sua história de vida, marcada pela paixão, esforço e generosidade", ressaltou.
Ao celebrar o legado de Selarón, Marin, do Consulado Geral da República do Chile, instituição patrocinadora da exposição, lembrou que o artista foi mais do que o criador de uma linda escadaria, destacando que a mostra convida o público a conhecer o Selarón em sua dimensão mais íntima: as pinturas e obras dedicadas a outros cantos do mundo, inclusive, a cidade portuária histórica Valparaíso do Chile, terra natal de Selarón. “Sua arte se tornou uma poderosa ferramenta de união entre os povos, uma janela aberta ao mundo a partir da sensibilidade do artista chileno que amou profundamente o Brasil. Aqueles que visitam a escadaria ano após ano poderão agora complementar sua experiência ao conhecer o universo mais pessoal de Selarón, suas angústias, seus sonhos e seu olhar único sobre a vida”, pontuou.

Patrícia Ribeiro, professora e psicanalista, uma das visitantes que conferiram a mostra no dia de abertura, ficou encantada em descobrir um lado até então não tão conhecido de Selarón, destacado por Marin. “Foi uma oportunidade linda poder vir aqui, a exposição está maravilhosa. Não conhecia o trabalho dele (pintura) e é um trabalho lindo, significativo. Ele tinha uma grande paixão pelo Rio. Se percebe que as obras de Selarón têm uma característica: ele trabalha, basicamente, com três cores… o preto, o vermelho e o terra, um tom meio acobreado… uma coisa meio telúrica. Vemos o Rio antigo, vários pontos da cidade e conseguimos perceber esse amor que ele tinha pela cidade”, conta.
Além da exposição, haverá atividade extra no período em que a mostra estiver no CCJF: visita mediada, quintas-feiras, às 15h. Mais detalhes aqui.
A mostra é gratuita e fica aberta durante o horário de funcionamento do CCJF, de terça a domingo, das 11h às 19h. Venha nos visitar!