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1ª edição de festival de cinema de não ficção discute novos rumos na produção de documentários no Brasil 

Publicado em:
10/06/2025
Um grupo participa do evento FID:RIO na Sala de Cursos, com cadeiras e banners cor-de-rosa, onde está escrito “#LINK-RIO Encontro de Redes de Cinema e Documentário Rio de Janeiro”. Três palestrantes estão em pé: o primeiro veste uma blusa cinza clara com calça escura, o segundo usa blazer escuro e camisa clara, e o terceiro está com camiseta cinza escura e calça preta. O público assiste atentamente, enquanto ao fundo é projetada uma imagem em tela.
Celina Torrealba, idealizadora (FID:RIO), Walter Tiepelmann, diretor (LINK:RIO) e Leonardo Pinheiro, produtor (LINK:RIO), conversam com o público do FID:RIO, no CCJF Foto: Dalton Valerio

Reimaginar o “fazer” cinematográfico, incentivando a produção de documentários contemporâneos que desafiam padrões na indústria do cinema. Com essa ideia principal, foi concebida a 1ª edição do FID:RIO – Festival Internacional de Cinema de Não Ficção do Rio de Janeiro que aconteceu no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) entre os dias 16 e 18 de maio. 

Para Celina Torrealba, cineasta e idealizadora do projeto, o FID:RIO nasceu para ser uma espécie de catalisador para uma reflexão profunda sobre o cinema de não ficção dos dias de hoje. “Em um cenário global em que os limites da linguagem e da percepção estão em constante evolução, nosso objetivo sempre foi criar um espaço onde cineastas não apenas desafiem as convenções do documentário, mas também reimaginassem o "fazer" cinematográfico. Queríamos ver projetos que ousassem transitar entre formas e que tivessem o poder de provocar e provocar discussões sobre o mundo à nossa volta”, conta ela, ao destacar que o ideal foi não apenas conquistado, mas ampliado. 

Sobre a parceria com o CCJF, Celina destaca que foi fundamental para o sucesso da 1ª edição do festival. “Foi um marco significativo, estamos entusiasmados em fortalecer essa colaboração no futuro. A visão do CCJF sobre o desenvolvimento cultural do Rio de Janeiro é plenamente alinhada com a nossa, e a equipe demonstrou um compromisso inabalável com a excelência”, pontua. Além disso, a cineasta define o Centro Cultural como local de grande valor histórico, um pilar importante para o fortalecimento da democracia, fato “que se conecta com o compromisso do FID:RIO de usar a linguagem cinematográfica para promover cineastas do Rio de Janeiro” no intuito de que a arte tenha impacto na sociedade brasileira.

Mais sobre o festival — O FID:RIO apresentou uma curadoria de novos realizadores, revisitou obras de cineastas consagrados e recuperou filmes e cinematografias pouco conhecidas. Além disso, em paralelo ao festival, foi realizado o #LINK:RIO, um laboratório voltado ao desenvolvimento de projetos documentais em fase inicial produzidos por realizadores do Rio de Janeiro. Os selecionados participaram de consultorias em grupo, conversas com cineastas experientes, e encontros com diretores(as), roteiristas e produtores(as) renomados, que compartilharam seus caminhos, processos criativos e desafios.

O objetivo foi transformar ideias em projetos consistentes e traçar um percurso crítico para seu desenvolvimento. “O LINK:RIO já é  prova de que estamos criando um espaço de apoio contínuo para cineastas que buscam explorar novos territórios. É, sem dúvida, um ponto de inflexão para a criação de um cinema mais ousado e representativo, com impacto no cenário global. Estamos apenas começando, mas os sinais indicam que o FID:RIO tem muito a contribuir para a reinvenção do documentário no Brasil”, ressalta Celina. 

Segundo ela, em um cenário em que a criação autoral precisa de espaço para florescer, programas que oferecem não só recursos, mas também uma orientação crítica e estratégica, desempenham um papel essencial nesse contexto. “A importância de projetos como esse está justamente em sua capacidade de criar um ecossistema em que as ideias podem se transformar em filmes consistentes e com um olhar crítico apurado sobre nossa realidade”, completa.

A aliança do festival com o FIDBA  – Festival Internacional de Cinema de Buenos Aires, já com 15 edições no histórico, também se mostrou essencial para o sucesso do festival na cidade do Rio. O FIDBA trouxe know-how, uma rede consolidada de tutores e uma equipe especializada — que já ajudou cineastas premiados em festivais internacionais. “Essa experiência se refletiu diretamente na programação de longa e curta-metragens da primeira edição do FID:RIO, garantindo uma curadoria de alto nível. Além disso, foi crucial para a rápida consolidação do LINK:RIO. Durante o evento, nove filmes selecionados participaram de três dias de tutoriais; e apresentaram seus projetos em uma sessão de pitch para um grupo de profissionais da indústria”, detalha Celina. 

A tendência, segundo os organizadores, é que o FID:RIO se torne um evento anual, pois a resposta positiva do público e da indústria reforça a relevância do festival. Todos torcem para que a parceria com o CCJF continue sendo uma base sólida para a realização das próximas edições.