Um problema secular que ainda desafia a coexistência pacífica da sociedade ao redor do mundo. No Brasil, o livre exercício de cultos religiosos e a liberdade de crença são direitos garantidos pela Constituição de 1988, porém, nos últimos anos, o número de casos de intolerância religiosa tem aumentado consideravelmente. De acordo com pesquisa do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o registro de denúncias ligadas ao tema subiu de 615, em 2018, para 1.418, em 2023. Ou seja, um salto de 140%, sendo o estado do Rio de Janeiro entre os que mais possuem denúncias, ao lado de São Paulo e Bahia.

 
No intuito de refletir sobre esse triste cenário, o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas – Ceap, organização não governamental, sem fins lucrativos, e o Governo Federal, realizam a Semana Nacional de combate à Intolerância Religiosa, nos dias 21 e 22 de janeiro, no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF). Na abertura do evento, o professor universitário e babalawô, Ivanir dos Santos, resumiu o cerne do problema: “essa questão não é de fé, é uma questão política. As pessoas demoram a compreender que, por trás das construções religiosas, têm um interesse econômico, social e político”, destacou, ao indicar que o caminho para a diversidade passa por esse ponto crucial.

Além dele, participaram da mesa de abertura, Elé Semog, professor e presidente do Ceap e Elaine Pauvolid, diretora da Divisão de Cultura do CCJF. Na ocasião, Semog aproveitou para citar o novo governo americano, com o recém-eleito Donald Trump, ressaltando tendências ao racismo e contrárias à representatividade de minorias no poder. “Hoje uma nação rica tem um presidente que nos assusta com suas propostas de governo. Ele foi eleito pelo povo americano, mas o que temos que fazer é buscar caminhos para aprimorar a democracia e não desistirmos da nossa luta nunca”, ressaltou. Já Elaine agradeceu mais um ano de parceria entre CCJF e Ceap e reforçou a importância da causa tema do encontro anual. “Aqui, estamos todos comprometidos com essa luta por uma sociedade mais justa e temos colhido frutos desse avanço. No entanto, ainda temos presenciado cenas de intolerância religiosa e às diferenças que nos caracterizam, seja como indivíduo ou grupo. Assim, falar de combate a intolerância religiosa, é sobretudo falar de combater a intolerância à vida”, pontua.

Para conferir a programação completa da Semana Nacional de combate à Intolerância Religiosa de hoje, dia 22, acesse o site oficial do evento: https://encurtador.com.br/e3qqw