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Por trás das Câmeras: a vigilância tem um alvo

Publicado em:
10/12/2024
A imagem retrata uma sessão de conversa em uma sala de cinema ou auditório. Cinco pessoas estão sentadas à frente, participando de um painel ou discussão. O público, visível em primeiro plano, assiste atentamente. O cenário é iluminado suavemente, com um grande telão branco ao fundo, sugerindo uma exibição seguida de debate, como acontece em eventos culturais ou mostras de cinema.
Debatedores do 'Por trás das Câmeras' discutem, no CCJF, o racismo a partir do uso de tecnologias de vigilância no país

No dia 22 de novembro, vozes potentes de artistas e especialistas preencheram o Cinema do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) em uma relevante discussão sobre o uso crescente de tecnologias de vigilância no Brasil a partir dos curtas-metragens Toda câmera de reconhecimento facial tem um pouco de navio negreiro e Sorria, você está sendo vigiado

A conversa foi mediada por Pablo Nunes, coordenador do Centro de Estudos de Segurança Pública e Cidadania (CESeC), e conduzida pela designer Iane Cabral. O debate contou também com a participação do cineasta Jonas Feitosa, que produziu a arte inicial do curta Toda câmera de reconhecimento facial tem um pouco de navio negreiro, Vinicius Fernandes, cineasta e pesquisador do Data Privacy, e Yasmin Rodrigues, antropóloga e pesquisadora do CESeC.

Neste dia, as paredes do CCJF testemunharam, logo no mês da Consciência Negra, vozes que não apenas levaram mais de 40 pessoas para o cinedebate, mas que também ameaçam banir a aplicabilidade do uso de uma inteligência artificial que não protege suas raízes. Assim como a sociedade brasileira atual, o negros estão na mira de mais um artifício que mascara o racismo na “segurança pública”. Segundo os palestrantes, essas tecnologias de reconhecimento facial são fruto de uma perspectiva de espionagem que já têm um alvo pré-estabelecido em seu banco de dados. A discussão seguiu um rumo diferente dessas tecnologias, que tendem a ser taxativas. Foi a vez do diálogo ser o foco. Para os especialistas, o que é exigido não é o fim de tecnologias para a segurança pública, mas sim o fim de tecnologias para a segurança pública que não acompanham o desenvolvimento social e que tem na mira pessoas que, diariamente, lutam apenas para sobreviver. 

De acordo com a palestrante Yasmin Rodrigues, há muitas formas de imaginar um futuro possível e, certamente, a arte é uma delas. “Acreditamos que a arte tem poder de fazer as pessoas criarem, refletirem, explorarem a criticidade e, por isso, o CESeC tem apostado nessa linguagem como forma de abordar os dados das pesquisas que realizamos e de fazer chegar a mais gente a importância da defesa dos Direitos Humanos, com muita urgência no campo da segurança pública. Quando vivemos cercados de tragédias e violações de direitos, é fundamental resgatar o que em nós quer criar um mundo novo. Nossa passagem pelo CCJF marca um passo importante de um caminho longo que vai nesse sentido", destacou.