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Um ato a favor do meio ambiente e da democracia: "Parada 7" leva às ruas do Rio centenas de pessoas, incluindo artistas e indígenas

Publicado em:
11/09/2024
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Tupinambás, vindo à frente do cortejo Parada 7, na Cinelândia, reivindicam manto sagrado

Na tarde do último sábado (7), Dia da Independência do Brasil, o Centro da cidade do Rio de Janeiro se transformou em um grande palco a céu aberto. Nele, centenas de pessoas foram às ruas para levar a mensagem da arte, desta vez, com importantes reflexões sobre sustentabilidade, igualdade, democracia, ecologia, independência, cultura e vida. A 3ª edição do projeto de arte contemporânea Parada 7, organizado desde 2022 pelo Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) e o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (CMAHO) trouxe como mote, este ano, a crise climática e a defesa das florestas. O cortejo-parada realizado por músicos, atores, poetas, dançarinos e artistas visuais concentrou-se em frente ao CCJF e seguiu até a Praça Tiradentes, na frente do CMAHO, encantando quem assistia com pinturas, danças, performances, poemas, e cantos.

Este ano, a Parada 7 • Levante Floresta teve a honra de receber um grupo especial: cerca de 50 representantes do povo Tupinambá, que vieram da Bahia para reivindicar o manto Tupinambá, peça sagrada que foi devolvida ao Brasil pela Dinamarca após mais de 300 anos, e que desde junho se encontra no Museu Nacional. Eles vieram a frente do cortejo entoando cantos tradicionais indígenas, emocionando o público. O manto Tupinambá, uma vestimenta sagrada produzida com penas vermelhas de guará sobre uma base de fibra natural, possui um enorme valor histórico para o Brasil e resgata a memória transcendental dos Tupinambás. Trata-se de uma obra de arte, objeto de culto de grande importância para a cultura indígena brasileira.

A foto é um close-up de um grupo de indígenas, a maioria homens. Alguns usam cocar e saia de palha, com corpo pintado com figuras de grafismo. Parecem entoar cânticos. Eles estão em um cenário onde há prédios.

Parte do grupo de Tupinambás que veio da Bahia entoando cânticos dacultura indígena

Entre os figurinos que enriqueceram o cortejo, um destaque foi a obra de arte no corpo intitulada “Ornitófilo, o amante dos pássaros” do cearense Raimundo Rodrigues que alertava para os riscos ecológicos como as queimadas, um dos problemas quelevam à devastação florestal no Brasil. Ele usava um manto coberto por folhas e uma máscara em papel marché que misturava a imagem de um humano com a de um pássaro —segundo ele, todo o traje foi inspirado na ornitologia, ciência que estuda as aves. “O lugar de onde eu venho, agora só tem pedra e céu, mas já foi floresta um dia e hoje está bem devastado…por isso acho muito importante qualquer tipo de manifestação que possa levar alguma reflexão e essa é minhaforma de comunicar”, ressalta o artista. Beatriz Santos, que faz parte do Coletivo Floresta Cidade, que desfila desde a 1ª edição do cortejo em 2022, diz que esse é o momento deles experimentarem um pouco da sensação de 'ser floresta', além de pensar a cidade dessa maneira. “A  Parada 7 é um momento muito importante da gente colocar as fantasias na rua, entrar dentro dela e se sentir um pouquinho planta também”, conta.

Complementar ao cortejo, que no final ainda contou com shows de rock e tecno macumba, está sendo organizada uma exposição de artes visuais com obras dos artistas participantes do projeto, cuja inauguração será no dia 14 de setembro, no CMAHO. A ideia é seguir a temática do cortejo, trazendo como tema central a crise climática, o desenvolvimento sustentável, a relação homem e natureza e debates em torno da pergunta: “que planeta queremos para nós e para nossas próximas gerações?” Um ótimo programa para quem quiser refletir sobreo tema de uma forma artística e cultural.

A foto mostra uma pessoa com figuro que se assemelha a uma árvore. Ela usa uma máscara parda, com a mistura das imagens de um humano com um pássaro.