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Um Abrigo para as palavras: quando sentimentos ganham capa e costura 

Publicado em:
10/06/2025
Grupo de cerca de 20 pessoas reunido na Sala de Cursos com estantes de livros e piso de madeira. Estão em torno de uma mesa branca, muitos sorrindo e segurando papéis e cadernos. Ao fundo, há uma TV desligada e janelas grandes.

No dia 10 de maio, a Sala de Cursos do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) recebeu Um abrigo para as palavras, uma oficina mergulhada na poética de Manoel de Barros que ensinou a confeccionar um livro artesanal para abrigar tudo aquilo que as palavras podem traduzir — sentimentos, memórias e, até mesmo, o silêncio. 

A oficina foi dividida em dois momentos. No primeiro, a escritora e atriz Bianca Ramoneda guiou os participantes pela jornada do escritor brasileiro por meio de vídeos e palavras de quem conhecia sua trajetória. No segundo, foi a vez da professora e designer Gabriela Irigoyen atrair os participantes para a construção de livros artesanais inspirados nos cadernos que o próprio poeta criava para uso próprio. A tarde foi marcada por um entusiasmo único de quem não apenas viu ali uma oportunidade de aprender a criar um livro artesanal, mas de entender o poder da construção de um lugar que acomoda mais do que palavras. O ambiente, permeado de pessoas de todas as faixas etárias, assumiu um ar de sala de aula. As brincadeiras e as risadas eram semelhantes àquelas vistas em uma sala cheia de adolescentes. 

Galdina da Rocha, professora de português e literaturas, relata que foi um encontro memorável. “As duas (Bianca Ramoneda e Gabriela Irigoyen) são muito competentes e muito acolhedoras, foi uma tarde muito agradável. Podem até ter outras oficinas, porque realmente foi um dia muito especial”, sugeriu Gal. As opiniões de Yara Alencar, produtora cultural, e Mary Kunha, preparadora corporal de atores, não foram muito diferentes da de Galdina. “A forma como a oficina foi conduzida foi muita inspiradora e permitiu que eu explorasse a minha criatividade de maneira livre e divertida. Conseguir produzir os três cadernos artesanais foi uma surpresa deliciosa e despertou em mim a vontade de seguir experimentando esse lindo fazer artesanal”, relatou a produtora cultural. 

Já a preparadora corporal conta que se sentiu como uma criança feliz. “Foi uma experiência extraordinária, pois nos fez mergulhar no mundo mágico do poeta Manoel de Barros através da relação de amizade, admiração e imenso carinho que a Bianca Ramoneda e ele desenvolveram. Ela nos apresentou esse ser incrível e fez a gente se emocionar com tanta beleza. E, ainda, tivemos a oportunidade de criar os cadernos artesanais que a querida Gabriela Irigoyen nos ensinou. Foi inesquecível”, destacou Mary.

Desde 2021 trabalhando juntas em oficinas, Bianca e Gabriela uniram suas paixões: poesia e criação de livros. “A Bianca, pesquisadora há mais de 25 anos da obra de Manoel de Barros e eu, criando livros poemas há mais de 20 anos, juntamos nosso tempo dedicado à arte e oferecemos, no CCJF, um repertório de inspirações e provocações para o ato de escrever poesia e de criar objetos poéticos em forma de livros”, declarou a designer. “Compartilhamos um dia com poesia, afeto, carinho, aprendizado, partilha e tempos longos, de corpo e alma presente. A poesia também guia e acorda as mãos, e o coração acompanha”, concluiu. 

Considerando as vozes daqueles que usaram as mãos para construir livros, só se ouviu elogios a respeito da tarde que passaram no CCJF. Assim como Bianca e Gabriela, os inscritos se uniram por paixões que alguns nem sabiam que tinham e se conectaram com algo muito maior do que palavras.